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Mourão: Bolsonaro demitiu Cintra porque discussão sobre CPMF ficou pública

De acordo com presidente em exercício, decisão do Planalto ainda não estava fechada quando Cintra divulgou novos impostos sobre transações

Hamilton Mourão: "É a questão do imposto de transação financeira que o presidente Bolsonaro não tem uma decisão a este respeito e ele acha que a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele" (Adnilton Farias/Flickr)

Hamilton Mourão: "É a questão do imposto de transação financeira que o presidente Bolsonaro não tem uma decisão a este respeito e ele acha que a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele" (Adnilton Farias/Flickr)

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Reuters

Publicado em 12 de setembro de 2019 às 09h08.

Última atualização em 12 de setembro de 2019 às 10h18.

Brasília — O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira que foi do presidente Jair Bolsonaro a decisão de demitir o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, por não ter gostado da discussão sobre a eventual criação de um imposto sobre movimentação financeira, espécie de nova CPMF, sem que tenha havido uma decisão do governo.

"É a questão do imposto de transação financeira que o presidente Bolsonaro não tem uma decisão a este respeito e ele acha que a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele", disse Mourão, em entrevista na vice-presidência.

"Esse troço transbordou, já estava sendo discutido em rede social, essas coisas todas, e o presidente não gostou", completou.

Questionado se a queixa do presidente era sobre o fato de a discussão do novo imposto ocorrer sem decisão tomada ou do mérito em si, Mourão afirmou que "talvez o mérito também". "O presidente não é fã desse imposto", respondeu, em linha com o que, mais cedo, o próprio Bolsonaro disse em rede social ser contra uma nova CPMF.

Ao ser perguntado se Bolsonaro ainda tem de ser convencido sobre a necessidade do imposto, o presidente em exercício disse que o assunto tem de ser discutido, mas fez uma ponderação. Ele disse que, mesmo na hipótese de o governo se colocar a favor desse imposto, a definição dele ficará a cargo do Legislativo.

"Quem é que vai definir isso? É o Congresso, então acho que todo desgaste prematuro em torno disso aí não leva a nada porque tudo vai ser decidido pelo Congresso", destacou.

Mourão disse ter almoçado nesta quarta com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem Cintra era subordinado. Disse ter conversado no encontro sobre a situação de Cintra, embora ainda não houvesse uma decisão sobre a saída do secretário.

"Ele (Guedes) compartilhou essa angústia com essa situação, mas disse: 'vamos aguardar a decisão do presidente.' Aí veio da decisão do presidente", afirmou.

O presidente em exercício relatou nunca ter conversado com Bolsonaro sobre uma eventual satisfação dele com Cintra.

"Eu considero o professor Marcos Cintra uma pessoa extremamente comprometida, competente. Ele tem as ideias dele e, óbvio, cada um nós que tem suas ideias que tem que defender até a decisão do decisor. Pode parecer até um pleonasmo isso aqui, mas é dessa forma que vejo as coisas", disse.

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