Moro vai ao Senado: qual é o impacto político das mensagens?
O ministro da Justiça terá a oportunidade de dar suas explicações aos parlamentares sobre as mensagens vazadas pelo site The Intercept
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2019 às 06h56.
Última atualização em 19 de junho de 2019 às 08h25.
Acostumado ao papel de inquisitor, nesta quarta-feira o ex-juiz Sergio Moro , atual ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, será o interrogado. Moro vai à Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde a partir das 9h terá a oportunidade de dar suas explicações aos parlamentares sobre as mensagens vazadas pelo site Intercept.
Relevadas em uma série de reportagens nos últimos 10 dias, as conversas mostram Moro e o procurador Deltan Dallagnol aparentemente combinando a atuação de Justiça e Ministério Público nas investigações da Lava-Jato, o que é proibido pela Constituição.
Ontem à noite, em nova revelação, oInterceptmostra que Moro teria questionado investigações da força tarefa contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo Moro, investigar FHC “melindra alguém cujo apoio é importante”, em mais um episódio que reforça a tese de parcialidade da Lava-Jato.
O ministro da Justiça vai ao Senado espontaneamente, e deve, mais uma vez, questionar a legalidade dos vazamentos e não deve confirmar que as mensagens são suas, embora inicialmente não tenha negado sua legitimidade.
O depoimento será feito poucas horas depois de o Senado impor derrota importante ao governo com relação direta à pasta de Moro. Na noite de ontem, por 47 votos a 28, os senadores aprovaram projeto que susta um decreto de Jair Bolsonaro que flexibiliza o posse e o porte de armas. A pauta vai agora para a Câmara.
A derrota é mais uma mostra de como o Congresso deve se contrapor a projetos do governo, mesmo àqueles mais caros ao presidente. No sábado, Bolsonaro pediu que seus seguidores cobrassem senadores para manter o projeto que beneficia “bons cidadãos”.
Ontem, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou também um convite a Dallagnol para falar das mensagens divulgadas pelo Intercept. Novos diálogos continuarão vindo à tona. Esta quarta-feira deve mostrar seu potencial de impacto político num momento em que o governo que precisa mostrar apoio no Congresso para a aprovação de suas pautas prioritárias.