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Moro justifica prisão de Cabral com “ruína das contas” do RJ

Segundo o juiz, seria uma "afronta" manter Cabral e outros investigados em liberdade diante da crise fiscal que assola o Rio de Janeiro

Sergio Cabral, então governador do Rio, no lançamento do projeto das UPPs (Marcello Casal Jr./AGÊNCIA BRASIL)

Talita Abrantes

Publicado em 17 de novembro de 2016 às 17h09.

Última atualização em 17 de novembro de 2016 às 17h13.

São Paulo – No despacho que determinou a prisão preventiva do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB-RJ), o juiz Sergio Moro citou a “ruína das contas públicas” do estado como argumento para o encarceramento do peemedebista.

Segundo o magistrado, seria uma afronta deixar os investigados em liberdade diante da crise fiscal que assola o Rio de Janeiro “por conta de uma gestão governamental aparentemente comprometida por corrupção e inépcia”, escreveu.

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O juiz argumenta que “enquanto não houver rastreamento completo” da propina paga aos investigados, “há um risco de dissipação do produto do crime, o que inviabilizará a sua recuperação”.

De acordo com ele, a prisão cautelar, nesse sentido, evitaria esse risco e impediria o envolvimento dos suspeitos em outros esquemas criminosos.

“Essa necessidade faz-se ainda mais presente diante da notória situação de ruína das contas públicas do governo do Rio de Janeiro. Constituiria afronta permitir que os investigados persistissem fruindo em liberdade do produto milionário de seus crimes, inclusive com aquisição, mediante condutas de ocultação e dissimulação, de novo patrimônio, parte em bens de luxo, enquanto, por conta de gestão governamental aparentemente comprometida por corrupção e inépcia, impõe-se à população daquele Estado tamanhos sacrifícios, com aumentos de tributos e corte de salários e de investimentos públicos e sociais. Uma versão criminosa de governantes ricos e governados pobres”, afirmou.

Bloqueio

Moro decretou ainda o bloqueio de R$ 10 milhões do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e de outros onze investigados, inclusive a mulher do peemedebista, Adriana de Lourdes Ancelmo, e do escritório de advocacia dela, o Ancelmo Advogados.

De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema de licitações fraudadas teria atingido “praticamente todas as grandes obras públicas de construção civil realizadas pelo ente público”. Em troca, empreiteiras previamente definidas para comandar cada empreendimento pagariam 5% de propina em cima do valor da obra mais 1% de “taxa de oxigênio”, pedida pelo então secretário de obras, Hudson Braga.

Segundo as investigações, Cabral cobrava uma mesada das empreiteiras, paga em dinheiro vivo. Os valores variavam entre 200 mil e 500 mil reais. No total, a Carioca Engenharia teria desembolsado R$ 32,5 milhões para o ex-governador e seus supostos comparsaas. Já a Andrade Gutierrez, R$ 7,7 milhões.

Os investigadores afirmam que há indícios de que cerca de 950 mil reais foram pagos a Cabral por meio de lavagem de dinheiro. Os valores pagaram até vestidos de festa para a mulher do ex-governador, que foi chamada hoje para depor.

O MPF afirma que esses pagamentos penduraram entre 2007 e 2014, quando Cabral renunciou ao cargo para tentar uma cadeira no Senado Federal abrindo caminho para seu então vice e atual governador do estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

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