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Moradores de prédio que desabou no centro de SP passam a noite na rua

Segundo o coordenador do Movimento Luta por Moradia Digna (LMD), de 100 a 120 pessoas dormiram no Largo do Paiçandu

Incêndio: a permanência é uma forma de pressionar o poder público a conseguir uma moradia definitiva (Nacho Doce/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de maio de 2018 às 09h48.

Última atualização em 2 de maio de 2018 às 09h52.

São Paulo - Parte dos antigos moradores do Edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou na madrugada desta terça-feira, 1°, passou a noite em colchões e barracas no Largo do Paiçandu, em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Livres, no centro da cidade de São Paulo .

Segundo Ricardo Luciano, coordenador do Movimento Luta por Moradia Digna (LMD), de 100 a 120 pessoas dormiram no local.

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Na manhã desta quarta-feira, 2, algumas dezenas de pessoas permaneciam no local. De acordo com o movimento, a permanência é uma forma de pressionar o poder público a conseguir uma moradia definitiva.

Segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento, 61 moradores aceitaram acolhimento e estão no centro temporário de acolhida Prates, também na região central. Há relatos de pessoas que foram para outras ocupações.

O movimento reivindica que a Prefeitura disponibilize uma tenda para instalarem uma cozinha provisória e banheiros químicos.

Maria Carmelita Santos de Jesus, de 53 anos, é uma das ex-moradoras do edifício que passou a noite no Largo do Paiçandu. "Passei o dia todo aqui. Este colchão foi doado", conta. Auxiliar de limpeza, Maria Carmelita estava no trabalho, quando ocorreu o incêndio. "Só não perdi o documento e a roupa do corpo", conta. Mesmo na rua, ela vai retornar ao trabalho nesta quarta, das 22h às 6h, e tomar banho na casa da tia de uma vizinha da ocupação.

Ela considera aceitar o auxílio-aluguel, que seria ofertado pelo Governo do Estado, desde que consiga dividir um imóvel com outras vizinhas.

"Não existe aluguel de R$ 400", disse. Maria Carmelita havia se mudado para a ocupação havia três anos, após o seu barraco na Favela do Moinho, também no centro da capital, ser atingido por um incêndio.

Também no largo, Leig Laura Aprigio, de 36 anos, passou a noite em uma barraca emprestada junto do marido e dos filhos, de 8 e 15 anos. "Ainda bem que teve a barraca, porque estava muito frio de noite", conta.

Eles estavam no edifício havia menos de um mês após terem sido expulsos de uma casa que invadiram em Bertioga, no litoral paulista. "Uma mulher, a Selma, me convidou. Durou nem um mês", lamenta.

Já o vendedor ambulante Cláudio Maciel, de 34 anos, dormiu no largo para apoiar o movimento. Em situação de rua há 18 anos, ele costuma passar as noites no entorno, na Avenida São João.

"Eles sempre me ajudaram, por que não vou ajudar?", contou ele, que costumava frequentar o edifício para tomar banho e fazer refeições.

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