Ministério da Saúde suspende contrato de compra da vacina Covaxin
A negociação está no centro das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia no Senado Federal
Gilson Garrett Jr
Publicado em 29 de junho de 2021 às 17h20.
Última atualização em 29 de junho de 2021 às 17h52.
O Ministério da Saúde decidiu suspender o contrato de compra da vacina indiana Covaxin. A decisão ocorreu após uma recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU), sugerindo a suspensão do contrato. A medida é cautelar e temporária "para uma análise mais aprofundada do órgão de controle", disse a pasta em comunicado à EXAME. O acordo foi firmado em fevereiro deste ano para a aquisição de 20 milhões de doses do imunizante, fabricado pelo laboratório Bharat Biotech.
O contrato está no centro das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia no Senado Federal. O servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou supostas irregularidades na compra do imunizante a um preço muito superior ao praticado por outros laboratórios. O valor do contrato é de 1,6 bilhão de reais, o que dá um preço de 15 dólares por dose. O montante já foi reservado pelo governo, mas ainda não foi pago.
Em depoimento na sexta-feira, 25, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão de Luis Ricardo, colocou no olho do furacão o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR). De acordo com o parlamentar, ao levar a informação de uma possível corrupção no processo de compra da vacina, o presidente Jair Bolsonaro teria dito que era “coisa” do Barros.
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Nesta terça-feira, 29, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) a notícia-crime protocolada por senadores da CPI da Covid que pedem abertura de inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro por suposta prevaricação no caso envolvendo a compra da vacina Covaxin. Os senadores se baseiam nos depoimentos dos irmãos Miranda.
Anvisa autorizou a importação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já permitiu a importação das doses compradas pelo Ministério da Saúde, mas fez algumas ressalvas, como o uso controlado das doses na população e a não aplicação em pessoas de grupos de risco. Meses antes, a agência tinha negado o pedido de importação porque o laboratório não apresentou todos os documentos exigidos por lei.
Em janeiro deste ano, o laboratório indiano Bharat fechou um contrato com a Precisa Medicamentos para comercializar o imunizante no Brasil. A empresa pediu à Anvisa, nesta terça-feira, 29, a liberação de uso emergencial. Somente após este aval é que a vacina pode ser aplicada no país.
Há quatro semanas, a Anvisa concedeu o certificado de boas práticas de fabricação das plantas envolvidas em todo o processo de produção da Covaxin. O laboratório certificado fabrica tanto o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), ingrediente da vacina, quanto o imunizante acabado. Esta é uma etapa fundamental para conseguir o registro no país.
( Com Estadão Conteúdo )
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