Ministério afasta 33 servidores suspeitos, após "Carne Fraca"
Três estabelecimentos foram fechados pelo Ministério da Agricultura e passarão por "inspeção rigorosa"
Agência Brasil
Publicado em 17 de março de 2017 às 18h45.
Última atualização em 17 de março de 2017 às 18h46.
O secretário executivo do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Eumar Novaki, disse hoje (17) que as fraudes no processamento de carnes por algumas das maiores empesas do ramo alimentício do país, como JBS, BRF e Peccin, identificadas pela Operação Carne Fraca , são um “fato isolado” e que os consumidores podem “ficar tranquilos”.
Segundo o secretário, 33 servidores do órgão já foram afastados.
De acordo com Novaki, a “maquiagem” de produtos vencidos foi verificada em carne de frango, mortadela, salsicha e há a suspeita de carne bovina.
A fraude foi confirmada na unidade da BRF da cidade de Mineiros (GO) e nos frigoríficos de Jaguará do Sul (SC) e Curitiba, da empresa Peccin Agroindustrial.
Os três estabelecimentos foram fechados pelo Ministério da Agricultura e passarão por “inspeção rigorosa”.
“São 21 SIFs [Serviço de Inspeção Federal], de quatro grupos econômicos, de um universo de 5 mil estabelecimentos. Isso demonstra que não é um fato cotidiano, mas um fato isolado, que não representa, de modo algum, a postura do Ministério da Agricultura”, disse Novaki.
Segundo o secretário, em até 15 dias o ministério apresentará um diagnóstico “preciso” sobre os produtos comercializados pelas empresas investigadas.
Mesmo afirmando que os consumidores podem ficar tranquilos quanto à procedência dos produtos, o secretario-executivo pediu que a população fique atenta a possíveis sinais de má conservação.
Segundo ele, o ministério está atuando para identificar e retirar do mercado lotes de produtos adulterados.
“O queremos dizer para a população é que fique absolutamente tranquila. Nosso sistema de fiscalização é um dos mais respeitados do mundo. Se perceberem qualquer problema, que comuniquem ao Ministério da Agricultura, que tomaremos a providências”.
O secretário afirmou ainda que o Mapa já vinha, desde o ano passado, tomando medidas para evitar falhas no processo de fiscalização e inspeção.
Ele ponderou, no entanto, ser impossível impedir desvios individuais.
“Desde que chegamos, o ministro Blairo Maggi determinou que uma série de procedimentos fossem reestudados e mudados, entre eles, o de inspeção. São 33 servidores, em um universo de 11 mil do ministério, e de 2,3 mil da área de inspeção”, comparou.
Apesar das fraudes identificadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, Novaki assegurou que o sistema de vigilância sanitária brasileiros é “consolidado”, “robusto” e “aprovado por inspeções internacionais”.
“Nenhum sistema está livre de má índole. Se tem uma pessoa operando com segundas e más intenções, haverá falhas. Estamos trabalhando para evitar fraudes”, disse.
Ao pedir que a população denuncie qualquer suspeita de produtos estragados ou com más condições para o consumo, o secretário executivo não descartou a possibilidade da ocorrência de novas operações.
“Novas operações poderão vir porque tudo que estamos detectando de irregularidade no ministério estamos tomando providências administrativas e encaminhando para o Ministério Público e para a PF. Estamos tomando as medidas para que isso não se repita no futuro”.
Exportações
Perguntado sobre o possível impacto nas exportações, já que o Brasil é o principal exportador de carne do mundo, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura disse que os países compradores também fiscalizam os produtos.
Além disso, Novaki reiterou que os “fatos isolados” não podem comprometer toda a cadeia.
“Os produtos brasileiros estão presentes em mais de 150 países e isso demonstra a qualidade dos produtos produzidos no país. Cada um dos países têm seu sistema e vigilância que atesta os produtos quando lá chegam. Portanto, se tiver problema, isso será acionado e será resolvido e aquilo não será entregue”.