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Militares e Maia agem para segurar Bebianno no governo de Bolsonaro

Desde a semana passada, após a Folha de S.Paulo revelar uma candidata laranja no PSL, o ministro e Carlos Bolsonaro têm se atacado

Ministros se uniram em defesa da permanência de Gustavo Bebianno à frente da Secretaria-Geral da Presidência (Valter Campanato/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 10h11.

Brasília — Preocupados com as crises geradas pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro que interferem no dia a dia do governo, ministros se uniram nesta quinta-feira (14) em defesa da permanência de Gustavo Bebianno à frente da Secretaria-Geral da Presidência.

O núcleo militar resistia a conversar com o presidente sobre o tema família, mas, após a última polêmica protagonizada pelo vereador Carlos Bolsonaro, o ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo, foi indicado para a tarefa.

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A intenção é que o ministro, general da reserva e um dos mais próximos do núcleo familiar do presidente, o alerte sobre os riscos para a governabilidade.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também entrou no circuito dando declarações públicas em defesa do ministro. "A impressão que dá é que o presidente está usando o filho para pedir para o Bebianno sair. E ele é presidente da República, não é? Não é mais um deputado, ele não é presidente da associação dos militares", disse Maia à GloboNews.

Bebianno ajudou na eleição de Maia para o comando da Casa, contrariando o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), que preferia um nome do PSL.

"Ele é um ótimo interlocutor, mas quem escolhe ministro é o presidente", afirmou o presidente da Câmara. A preocupação é de que o ambiente conturbado do Executivo contamine o Legislativo e atrapalhe a tramitação da proposta de reforma da Previdência, que deverá ser enviada na próxima semana ao Congresso (mais informações no caderno de Economia).

Menos enfático, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que Bebianno não tinha "obrigação" de acompanhar "tantas candidaturas" no país.

A operação segurou Bebianno no cargo pelo menos até o fim da noite de quinta. Apesar disso, o presidente mantém o ministro na geladeira e não o recebeu, como estava previsto.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, chegou a preparar um encontro entre os dois, o que não ocorreu. Em entrevista à revista Crusoé, Bebianno reclamou que está "sendo jogado aos leões de maneira injusta" e avaliou que Bolsonaro tem receio de que o caso envolvendo suspeitas de candidaturas laranjas do PSL possa "respingar" nele.

Bombeiro

A relação entre Onyx e Bebianno é conflituosa, mas ele estaria atuando como bombeiro porque também já ficou sob fogo cruzado quando vieram à tona suspeita de que usara caixa 2.

O cinturão de apoio uniu vários nomes do governo que temem ser o próximo alvo dos tuítes de Carlos ou de seus irmãos, Flávio e Eduardo, todos respaldados pelo pai.

Foi pela rede social que veio o ataque mais duro a Bebianno. Carlos o chamou de mentiroso e divulgou pelo microblog mensagem de áudio enviada por Bolsonaro ao ministro como prova.

Ele ficou contrariado por seu desafeto ter afirmado ao jornal O Globo que falara três vezes com Bolsonaro, enquanto o presidente ainda estava internado.

A quebra do sigilo da mensagem do presidente foi considerada "inadmissível" no Planalto porque está ligada à violação da segurança das comunicações do presidente da República. Os interlocutores do presidente vão tentar mostrar a ele que existe uma liturgia do cargo e que ela precisa ser respeitada.

Na mesma quarta-feira, o próprio presidente disse à TV Record que Bebianno mentiu ao O Globo. A entrevista foi gravada antes de Carlos disparar sua ira pelo Twitter. No Planalto, não há dúvidas de que Carlos apenas aproveitou a oportunidade para atacar o ministro mais uma vez, a quem acusa de atuar para prejudicar o governo.

Na entrevista à Record, o presidente colocou mais lenha na fogueira da crise, ao afirmar que pediu à Polícia Federal investigação sobre suspeitas de desvio de dinheiro na campanha eleitoral de candidatos do PSL e avisou que, caso Bebianno estivesse envolvido, poderia voltar "às origens". O ministro presidia o partido na época.

Mais do que proteger Bebianno, interlocutores do presidente estão convencidos de que "é preciso estancar" essa ação dos filhos de Bolsonaro. Destacam que misturar família e governo nunca deu bons resultados e citam o envolvimento dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em vários escândalos.

Do núcleo militar, além de Santos Cruz, o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, estão agindo para conter a crise.

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