Violência contra a mulher: 38% rejeita a ideia de interromper uma gravidez em caso de violência sexual (Getty Images)
Valéria Bretas
Publicado em 3 de junho de 2016 às 16h49.
São Paulo – Um estudo da consultoria Hello Research, publicado em primeira mão por EXAME.com, revela que 51% população brasileira apoia a legalização do aborto em casos de estupro. Há dois anos, o número de favoráveis era 7% menor.
A pesquisa, que ouviu mais de 1,2 mil pessoas no início de maio, ainda aponta que 38% não compartilha da mesma opinião. Esse grupo rejeita a ideia de interromper uma gravidez em caso de violência sexual e acredita que o ato deve ser considerado como crime.
“Hoje vemos como a mobilização feminista se fortaleceu nas redes sociais, a recente repercussão do estupro coletivo no Rio de Janeiro é prova disso. Mas o debate do aborto precisa ser ainda maior para surtir efeito”, diz Denis Bertoncello, diretor de comunicação da Hello.
Bertoncello se refere ao caso de uma jovem de 16 anos que foi brutalmente estuprada por um grupo de homens no Rio de Janeiro. A repercussão do caso turbinou o debate sobre a violência contra a mulher.
O aborto em caso de estupro é permitido por lei desde 1940. No entanto, a nova gestora da Secretaria de Políticas para Mulheres, a ex-deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP), está no grupo dos que se opõem ao procedimento mesmo nos casos previstos na legislação.
Em 2010, durante sessão na Câmara dos Deputados, a então deputada declarou que ela mesma foi gerada a partir de um abuso sexual. Na ocasião, afirmou que se sua mãe tivesse feito um aborto, ela não estaria ali.
A indicação de Fátima logo depois do caso de estupro coletivo no Rio de Janeiro gerou críticas entre movimentos feministas. A nova secretária, no entanto, reitera que sua posição sobre a descriminalização do aborto não irá afetar o debate de qualquer questão à frente da Secretaria.
“A mulher vítima de estupro, que optar pela interrupção da gravidez, deve ter total apoio do Estado, direito hoje já garantido por lei. Trabalharei, incansavelmente, para combater qualquer tipo de violência contra a mulher”, afirmou a secretária em nota.
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