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Mesmo com suspensão, mais haitianos devem chegar a SP

Segundo governo do Acre, 11 ônibus deixaram o estado antes da suspensão, com 46 haitianos cada


	Grupo de haitianos embarcam em ônibus no Acre
 (Marcello Casal Jr./ABr)

Grupo de haitianos embarcam em ônibus no Acre (Marcello Casal Jr./ABr)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2015 às 18h58.

São Paulo - Apesar de o Ministério da Justiça ter suspendido ontem (19) o transporte de imigrantes haitianos do Acre para a cidade de São Paulo, ônibus que já estão na estrada devem continuar chegando à capital paulista nos próximos dias. 

De acordo com o governo do Acre, 11 ônibus deixaram o estado antes da suspensão, com 46 haitianos cada.

O padre Paolo Parise, que coordena a Missão Paz, organização da Igreja Católica que acolhe imigrantes e é referência para os haitianos, estima que pelo menos seis desses ônibus já estão em São Paulo.

O desembarque dos estrangeiros foi intensificado desde domingo (17), quando começaram a chegar os ônibus fretados do Acre. “Até domingo, era uma média de 60, 70 [pessoas por dia]. Muitos acham que aumentou só esta semana, mas isso ocorre desde outubro do ano passado. Em janeiro, fevereiro e marçochegava um ônibus por dia. Depois de março, deu uma reduzida, porque não tinha mais dinheiro para fretar ônibus”, informou Parise.

A preocupação agora é com a oferta de trabalho. Segundo o padre, no começo do ano eram cerca de 120 vagas por mês. Agora, elas não passam de 60.

“Emprego, emprego, emprego”, era o que repetia Erlinedia Saint, 37 anos, que chegou ao Brasil há oito dias e desembarcou ontem em São Paulo. Ela deixou três filhos no Haiti e tenta conseguir um meio para sustentar a família.

Lá, Erlinedia trabalhava em um restaurante, mas, no Brasil, espera se inserir em qualquer atividade. Para justificar a saída do seu país, disse que no Haiti não tem trabalho.

A quantidade de mulheres, cerca de 20, na Missão de Paz desde o início da semana surpreendeu Parise. “Eram sempre duas, uma ou nenhuma.”

Segundo ele, a explicação pode ser a inclusão delas nos primeiros ônibus vindos do Acre. “Depois ficou como antes, com os homens em maior número.”

De acordo com Paolo Parise, como a Igreja tem uma casa estruturada apenas para 110 pessoas, os demais ficam em alojamentos improvisados no salão paroquial e auditórios. Faltam banheiros e alimentação para atender a todos.

Para ajudar, haitianos que estão há mais tempo do Brasil passam algumas horas na Missão Paz. É o caso do jornalista Musset Pasteur, 26 anos, no país há um ano. “Venho para ajudá-los a se comunicarem. Vou até a Barra Funda [estação rodoviária onde chegam os ônibus] para ajudar e, às vezes, dar um bilhete do metrô”, explicou.

Embora seja formado em Jornalismo, Pasteur trabalha como operador de loja, fazendo a reposição de produtos. “Não tenho problemas de não trabalhar na minha área”, esclareceu. Acrescentou que há muitas pessoas qualificadas no Haiti, com formação universitária, mas que não há emprego para todos.

Na área externa da igreja, muitos haitianos aguardam as atividades organizadas pela Missão Paz. Hoje (20) à tarde, eles participaram de uma palestra de preparação para conseguir trabalho no Brasil.

“São temas como o funcionamento da folha de pagamento, direitos trabalhistas e, em caso de necessidade, denúncias", destacou Parise. Amanhã (20), eventuais empregadores também receberão orientações e à tarde poderão entrevistar os haitianos.  

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