Sistema de captação de água do sistema de abastecimento Cantareira: déficit explica recorrentes recordes negativos do nível do reservatório (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2014 às 20h53.
São Paulo - O grupo de trabalho que acompanha a situação do Sistema Cantareira emitiu comunicado hoje (18) informando que, apesar do aumento das chuvas nas últimas semanas, a retirada de água do manancial continua sendo superior a quantidade que o sistema está recebendo.
O grupo é formado pela Agência Nacional de Águas (ANA), Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
“Praticamente se passou metade do mês março e a vazão média afluente [recebida pelo sistema] correspondeu a 15,2 metros cúbicos por segundo (m³/s), o que equivale a apenas 25,2% da média histórica deste mês, a menor média mensal de março registrada desde 1930. Neste mesmo período (1º a 14 de março), a retirada média foi 21,9 m³/s. O balanço entre as vazões afluentes e as retiradas está deficitário em 6,7 m³/s”.
O déficit explica os recorrentes recordes negativos do nível do reservatório do Cantareira. Hoje, o manancial chegou a sua menor marca, 14,9%. No entanto, em março, a média de chuva diária nas represas do sistema (8,1milímetros) está acima da média histórica do mês (6,13 milímetros), mas não é sendo suficiente para reverter a situação.
“Vai demorar um tempo, é gradativo [a recuperação do manancial]. Agora as chuvas estão melhores. Mas o reflexo da recuperação do nível da represa leva algum tempo. A água se infiltra no solo, leva tempo para essa infiltração chegar no lençol freático e, depois, abastecer as minas, as nascentes, que mantêm a represa. O processo não é assim de imediato”, destaca o professor de engenharia da Fundação Educacional Inaciana, Jorge Giroldo.
Hoje, a Sabesp anunciou que, a partir de maio, cerca de 200 bilhões de litros de água, que estão no volume morto do sistema Cantareira, estarão disponíveis para distribuição. As obras foram iniciadas ontem (17) nas represas de Atibainha e Jaguari. De acordo com a companhia, essa quantidade de água será suficiente para abastecer os moradores da região metropolitana de São Paulo por quatro meses.
Segundo a Sabesp, as águas do fundo das represas ficam abaixo do nível das comportas, por isso a obra é necessária. Serão construídos dois canais de 3,5 quilômetros e serão instaladas 17 bombas, que envolvem investimento de R$ 80 milhões. A Sabesp garantiu que a água passará pelo mesmo tratamento da que é fornecida atualmente e terá a mesma qualidade.
A companhia destacou ainda que o total de água no volume morto é 300 bilhões, mas serão disponibilizados, neste momento, 200 bilhões. Além disso, informou que a quantidade será utilizada apenas se houver necessidade.
“O problema maior é Guarulhos e São Caetano, já que o único fornecimento para esses dois municípios vem do Cantareira. No resto de São Paulo, na zona leste, a região do ABC, não haverá problema porque o Sistema Rio Claro, o Sistema Alto Tietê e o Sistema Guarapiranga estão com os níveis praticamente normais”, ressaltou o professor.
Segundo a Sabesp, o Sistema Rio Claro está com 87,8% do reservatório cheio; Alto Tietê está com 37,8%; e o Guarapiranga, 76,1%. Além desses, a Sabesp administra ainda o Sistema Alto Cotia (59,1%) e o Rio Grande (93,8%).