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Mercadante: câmbio é problema central para exportações

Segundo ele, "estamos com um problema de pressão inflacionária e o governo esta tomando medidas"

Aloizio Mercadante (PT) perdeu as eleições para governador de São Paulo no primeiro turno (Wikimedia Commons)

Aloizio Mercadante (PT) perdeu as eleições para governador de São Paulo no primeiro turno (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2010 às 17h18.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), cotado para o Ministério de Ciência e Tecnologia no governo de Dilma Rousseff, considera o câmbio o principal problema atual para as exportações brasileiras, mas acredita que esse é um problema de gestão complicada porque envolve "razões estruturais, já que a economia brasileira está indo bem melhor do que a de outros países". Para ele, o câmbio tem refletido, ainda, as taxas elevadas de juros, uma questão de solução delicada. 

"O problema das taxas de juros não é apenas cultural, há um choque de demanda pressionando a inflação e a margem da política monetária é pequena", afirmou. Mercadante acredita que a esperada melhora nos indicadores fiscais e no superávit primário vai abrir "mais espaço para a redução dos juros".

Segundo ele, "estamos com um problema de pressão inflacionária e o governo esta tomando medidas", mas o problema do câmbio vai além dos juros e reflete "uma guerra cambial" em curso no mundo. "O problema central para avançar as exportações hoje é o cambio" disse em seminário realizado pela revista Carta Capital no Rio.

O senador ressaltou o crescimento das exportações brasileiras nos últimos oito anos, mas salientou a perda da contribuição das vendas externas na expansão da economia. Segundo ele, de 2003 a 2005 o PIB cresceu 10,5% e, para esse aumento, as exportações contribuíram com 5,4 pontos porcentuais. Já de 2006 a 2008 a economia, de acordo com ele, cresceu 15,6%, com contribuição de apenas 1,6 ponto porcentual das exportações.

Ipea

O diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú, acredita que exista uma "cultura de juros elevados" no Brasil, que contribui para a manutenção do câmbio valorizado, com consequências negativas sobre as exportações. Para ele, o câmbio atual compromete a expansão das vendas externas de produtos com maior valor agregado.

Para Sicsú, é preciso enfrentar a cultura de juros no Brasil, que está na atuação do Banco Central e também nos hábitos dos consumidores, que aceitam qualquer prestação que caiba no orçamento. "Precisamos enfrentar esse debate e não limitar as discussões às reuniões do Copom, existe uma cultura de juros que joga o câmbio para baixo", afirmou o economista do Ipea.

"Nossas exportações tendem cada vez mais para uma pauta primarizada, que expõe o País ao risco da demanda mundial. O Brasil precisa continuar valorizando o agronegócio e o extrativismo, mas é preciso associar tecnologia e valor agregado às nossas exportações", disse em palestra no mesmo seminário no Rio.

Ele defende "um preço" para a entrada de capitais no Brasil como forma de evitar sobrevalorizações excessivas do real. "O câmbio é estratégico para uma economia e não devia ser definido pelo mercado, porque o mundo real, do emprego e da exportação tem que conviver com ele", afirmou. Sicsú disse que defende "uma política cambial amigável ao mercado, mas que estabeleça preço para a entrada de capitais, senão teremos cada vez mais um câmbio valorizado".

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