Fora do PT desde abril de 2015, Marta foi prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004 (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Redação Exame
Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 19h39.
Última atualização em 9 de janeiro de 2024 às 19h41.
No início da tarde desta terça-feira, 9, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) convocou a secretária de Relações Internacionais, Marta Suplicy (sem partido), para uma reunião de última hora na Prefeitura de São Paulo, com o objetivo de demiti-la.
O encontro aconteceU após a divulgação de informações de que Marta voltará para o PT a fim de ocupar a vice na chapa encabeçada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), o principal adversário de Nunes nas eleições municipais de 2024.
Marta precisou interromper as férias para a reunião com Ricardo Nunes. Mais tarde, ela formalizou a carta de demissão ao prefeito de São Paulo: "Neste momento em que o cenário político de nossa cidade prenuncia uma nova conjuntura, diferente daquela em que, em janeiro de 2021, tive a honra de ser convidada por Bruno Covas para assumir a Secretaria Municipal de Relações Internacionais, encaminho, nesta data, de comum acordo, meu pedido de demissão deste cargo", escreve ela. "Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui", diz o documento.
Nas redes sociais, o ministro de Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), afirmou que a ex-senadora aceitou o convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para formar uma chapa com Boulos.
Fora do PT desde abril de 2015, Marta foi prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004. Além disso, foi deputada federal e ocupou ministérios nas gestões petistas de Lula e Dilma Rousseff.
Apesar da declaração de Paulo Teixeira, também nesta terça, em evento de anúncio de apoio do PDT a Boulos, tanto o pré-candidato do PSOL quanto o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), que o acompanhava, negaram que já haja um acordo oficializado para que Marta Suplicy seja a vice na chapa. Falcão realçou, porém, que "todos viram" as articulações envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que ela volte à legenda. Boulos disse que é "razoável" ter Marta como vice e elogiou o trabalho dela no comando da prefeitura da capital.
O provável retorno de Marta ao PT já gera desavenças entre petistas. Lula é um dos principais entusiastas à volta da ex-senadora, porém uma ala do partido é contra a ideia, acusando Marta de traição por conta de seu voto a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2016. Procurada, a ex-prefeita não foi encontrada para se manifestar.
O dirigente nacional do PT Valter Pomar publicou um artigo nesta terça-feira, 9, sugerindo que o possível retorno de Marta ao PT seja decidido em votação no Diretório Nacional do partido. "Votarei contra. O motivo principal é: senadora eleita pelo PT, Marta traiu seu eleitorado e seu partido, votando a favor do golpe contra Dilma. Desconheço que ela tenha feito alguma autocrítica a respeito. E, em qualquer caso, não vejo porque trazer de volta para casa quem praticou tamanha violência".
(Com Estadão Conteúdo)