Marta: "Preciso ser muito cuidadosa, porque senão corro o risco de acordar num palanque de mãos dadas com Kassab" (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2012 às 19h20.
São Paulo - No dia em que a Câmara dos Vereadores de São Paulo homenageou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o título de cidadão paulista e a Medalha Anchieta, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) roubou a cena diante de uma plateia de quase duas mil pessoas, entre elas, o pré-candidato do partido à prefeitura paulistana Fernando Haddad. A Câmara instalou um telão do lado de fora do edifício para que os 700 pessoas que não conseguiram entrar pudessem acompanhar a cerimônia.
Além de se sentar na Mesa Diretora da Câmara, Marta fez um discurso de candidata e aproveitou para defender os feitos de sua gestão (2001-2004). Para Marta, é preciso ir além do discurso de inovação na campanha eleitoral - marca que o PT pretende impor nesta campanha. "Não basta o novo nessa cidade. Temos de ter um programa novo", disse, em seu discurso.
Além de Lula, e de sua esposa, Marisa Letícia, compuseram a Mesa Diretora os vereadores petistas Alfredinho e José Américo, que propuseram a homenagem. Marta, segundo o presidente da Câmara, José Police Neto (PSD), foi escolhida pelos proponentes para representar os parlamentares. Ao mencionar a palavra "novo" em seu discurso, a senadora referiu-se às inserções do programa do PT em rádio e TV, que foram ao ar na semana passada, onde o partido pregou a renovação na política. "São Paulo tem de entender a mensagem, o que podemos fazer com essa inovação."
Ela também ressaltou que existem duas forças políticas em disputa nessa eleição: a que inclui e a "da exclusão social da cidade". "Estamos agora nesse embate e é um embate difícil", reconheceu. Durante a cerimônia, a ex-presidente foi muito aplaudida pela plateia de militantes petistas. Marta só fez uma menção protocolar a Haddad, quando citou sua presença na cerimônia.
Discurso de Lula
Em um discurso de quase trinta minutos, o ex-presidente Lula agradeceu as homenagens e a aprovação pela Câmara dos Vereadores da concessão de um terreno no centro de São Paulo para a construção do Museu da Democracia que, segundo ele, servirá para mostrar a luta dos brasileiros durante a ditadura militar. "Queremos contar uma parte da história que não foi contada", afirmou.
Lula também fez menção à disputa pela prefeitura paulistana - cidade que, para ele, é uma metrópole de problemas. "São Paulo tem de ser pensada corretamente", disse. Durante seu discurso, Lula afirmou que Marta foi a melhor prefeita que a cidade já teve e que não se reelegeu por ser vítima do preconceito das elites. "É um preconceito secular", concluiu.
Ao final do discurso que era para ser de seis minutos, Lula agradeceu o apoio da militância e dos movimentos sociais recebido os seus oito anos de governo. Numa menção indireta ao maior escândalo de seu governo, o mensalão, o ex-presidente disse que foi vítima de uma tentativa de golpe que também aconteceu em outros momentos da história brasileira.