Brasil

Mais de 200 haitianos conseguem emprego no Sul e Sudeste

Mais de 200 haitianos, que estão chegando a São Paulo desde o início de abril, já conseguiram colocação no mercado de trabalho, segundo igreja


	Migrantes haitianos: as vagas, em sua maioria, são para construção civil, serviços gerais e restaurantes
 (Marcello Casal Jr./ABr)

Migrantes haitianos: as vagas, em sua maioria, são para construção civil, serviços gerais e restaurantes (Marcello Casal Jr./ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2014 às 14h16.

São Paulo - Mais de 200 haitianos, que estão chegando a São Paulo desde o início de abril em razão do fechamento do abrigo para imigrantes em Brasileia, no Acre, já conseguiram colocação no mercado de trabalho.

A informação é da Missão Paz, centro mantido pela Igreja Nossa Senhora da Paz, na região central, que está acolhendo e orientando a maioria dos estrangeiros.

Segundo o padre Paolo Parise, diretor do Centro de Estudos Migratórios (CEM) da paróquia, as vagas, em sua maioria, são para construção civil, serviços gerais e restaurantes.

Empresas de estados da região Sul e do Rio de Janeiro são as que mais procuram a igreja para recrutar haitianos.

Parise destacou que muitos já estão com a Carteira de Trabalho em mãos, o que tem feito diminuir o fluxo de haitianos no pátio da igreja.

“Com o mutirão feito pelo Ministério do Trabalho, mais de 300 documentos foram entregues. Isso fez diminuir o movimento aqui porque muitos foram encaminhados para trabalho”, relatou.

Além disso, 58 haitianos foram deslocados para outra paróquia, no Tucuruvi, e 16 foram para um espaço cedido por um sindicato, também na zona norte.

No Glicério, estão 100 pessoas abrigadas no salão de festas e 115 na Casa do Migrante, dos quais 30 são haitianos. Desses, apenas nove são mulheres.

Também foi menor nos últimos dias, segundo o padre Paolo, o fluxo de haitianos que chegam de ônibus do Acre.

“Ontem [1º] chegou só um ônibus na [terminal rodoviário] Barra Funda e vieram para cá três pessoas somente. Eles disseram que as outras pessoas já tinha parentes, amigos e já tinham onde ficar”, explicou.

Parise destacou, no entanto, que as informações de quantos ônibus estão a caminho são repassadas pelos próprios estrangeiros que se comunicam com os amigos pelo celular. “Disseram que um dos carros quebrou na estrada, por exemplo, e por isso não chegou ainda”, apontou.


Ele informou que, normalmente, chegam de dois a três ônibus na capital.

Ontem, durante as comemorações do Dia do Trabalhado, o padre esteve na festa da central Força Sindical para agradecer ao ministro Manoel Dias o esforço para acelerar emissão das carteiras.

Na oportunidade, no entanto, cobrou também ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, uma força-tarefa similar na Polícia Federal para solicitação do Registro Nacional de Estrangeiro.

Segundo ele, com a entrada do pedido, os estrangeiros recebem um protocolo com o qual é possível retirar as documentações necessárias para assumir um posto de trabalho. “Vi que alguns foram agendados para novembro, dezembro”, reclamou.

É preciso estar com os documentos regularizados para aceitar as vagas de emprego em acordo com as leis trabalhistas brasileiras. É o caso de Dieufait Salvarj, que está no país há três meses.

Ele foi contratado pela Eppo Saneamento Ambiental e Obras para trabalhar na reforma do estádio do Ituano, na cidade de Itu, interior paulista, que será o centro de treinamento da seleção da Rússia durante a Copa do Mundo.

“Minha casa foi destruída no terremoto e estou buscando uma vida melhor, porque lá não tem emprego suficiente”, declarou à reportagem da TV Brasil, durante visita às obras no município.

O Brasil concede aos haitianos o visto humanitário, pelo qual eles têm o direito de trabalhar e estudar no país, além de ter acesso aos mesmos serviços públicos que os brasileiros.

Para Salvarj, a copa foi uma oportunidade de ter emprego, mas ele espera conseguir novos postos e, inclusive, trazer a família para o país.

“Somos um grupo que trabalha bem, sabe trabalhar e tem força para trabalhar”, destacou. O pedreiro ainda tem dificuldade, no entanto, com a comunicação, pois ainda não domina por completo o português.

Nesta semana, o governo federal anunciou que vai estimular a entrada regular de haitianos no Brasil.

Um dos objetivos é impedir a atuação de coiotes [pessoas que cobram pela travessia de imigrantes], dos quais muitos haitianos estão sendo vítimas. Atualmente, cerca de mil vistos de entrada no Brasil são concedidos a esses cidadãos por mês, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.

Desde o terremoto que arrasou o Haiti em 2010, o Brasil tem recebido milhares de refugiados do país caribenho.

O governo não descarta ainda a possibilidade de políticas específicas para os haitianos, como aulas de português para os que não falam o idioma.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasHaitiImigraçãoMercado de trabalhoMetrópoles globaissao-paulo

Mais de Brasil

Roberto Jefferson paga R$ 40 mil à PF por conserto de viatura que atingiu com 42 tiros

Brasil inclui luta contra racismo pela 1ª vez na agenda do G20

AliExpress e Shopee antecipam data de taxação de compras de até US$ 50; veja quando passa a valer

PM impõe 100 anos de sigilo a processos disciplinares de Mello, candidato a vice de Nunes em SP

Mais na Exame