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"Maior risco para Dilma é o PT", diz analista da Eurasia

Nem o Congresso, nem o PMDB, nem a popularidade - para chefe de análise da Eurasia, maior risco político hoje vem da Lava Jato

Dilma Rousseff na cerimônia de sanção do Código de Processo Civil, em 16/03/2015 (José Cruz/ Agência Brasil)

Dilma Rousseff na cerimônia de sanção do Código de Processo Civil, em 16/03/2015 (José Cruz/ Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 14 de abril de 2015 às 12h11.

São Paulo – Nem o Congresso, nem o PMDB, nem a queda da popularidade.

Para Chris Garman, chefe de análise do grupo Eurasia, o maior risco político hoje para Dilma Rousseff são os reflexos da Lava Jato.

Na medida em que os investigadores tem independência e pedem para saber sempre mais, isso pode levar a uma investigação ampla a exemplo do que aconteceu com a Itália e a Operação Mãos Limpas.

O risco nesse caso é que não só outros setores da economia sejam atingidos de forma mais incisiva, mas também o próprio PT e o ex-presidente Lula. Nesse caso, Dilma pode se ver forçada a escolher entre a fidelidade a estes grupos ou a agenda anti-corrupção.

“O grande risco para Dilma não é o PMDB, é o próprio PT. A presidente saiu da eleição com a sensação de que ganhou a despeito do partido e não por causa dele”, diz Chris, que coloca o risco de perda de mandato em 20% .

As declarações foram feitas na manhã desta terça-feira em um painel do evento Macro Vision organizado pelo Itaú BBA no hotel Unique em São Paulo.

Ele lembra que o cenário político brasileiro tem paralelos com vários emergentes, até em termos de corrupção, como mostram os escândalos muito próximos à Presidência no México, no Chile, na Turquia e na África do Sul. Nada disso é por acaso:

“Tivemos um tremendo enriquecimento do setor privado e público no último ciclo, o que aumentou as oportunidades de corrupção. E quando a classe politica começa a se enfraquecer, denúncias começam a virar elemento de disputa politica.

O enfraquecimento das lideranças também é relativamente generalizado porque assim como houve um “superciclo” econômico baseado em commodities, também houve um superciclo político que acabou.

“A história de 2014 nos emergentes foi que a classe politica começou a se enfraquecer, mas não a ponto de perder a reeleição. Então eles entram em 2015 sem poder levar adiante uma agenda de reformas.”

Ele acredita que a presidente está comprometida com o ajuste econômico porque o governo está “desesperado para atrair investimento privado."

Isso está levando a mudanças setoriais, um processo que pode atingir até políticas sagradas para o PT até pouco tempo atrás, como a exigência de conteúdo nacional na Petrobras.

O fato da popularidade ter chegado a um nível tão baixo mesmo antes do ajuste atingir mais forte a população é quase uma liberdade:

“O que aconteceu muito cedo no governo foi um realinhamento de expectativas. A presidente tem pouco a perder ao seguir adiante. A única coisa mais perigosa do que seguir nesse caminho é não seguí-lo.”

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