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"Maia está igual a Trump ao deixar o poder", diz Ciro Nogueira

O presidente do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI), comparou Maia ao presidente americano Donald Trump, que não aceitou a derrota nos EUA

Ciro Nogueira, senador (Waldemir Barreto/Agência Senado)

Ciro Nogueira, senador (Waldemir Barreto/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de dezembro de 2020 às 20h14.

Última atualização em 12 de dezembro de 2020 às 20h15.

Aliados do deputado Arthur Lira (PP-AL) criticaram neste sábado, 12, as declarações do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, em entrevista ao Estadão, repudiou a estratégia do Palácio do Planalto em angariar votos para Lira na disputa pelo comando da Casa.

O presidente do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PI), comparou Maia ao presidente americano Donald Trump, que até hoje não aceitou a derrota para o democrata Joe Biden.

Na entrevista publicada nesta sábado, o presidente da Câmara acusou o Planalto de criar um "balcão de negócios" em favor de Lira e contou ter ouvido o rival chamar Guedes de "vendedor de redes" - alguém que fala muito, mas entrega pouco.

"Não sei se existiu ou não esta frase, mas meu amigo Rodrigo Maia está igual ao Trump ao deixar o poder", disse Nogueira ao Estadão por mensagem de texto. Ao ser indagado se a frase significava que para ele Maia não quer aceitar a derrota, o senador respondeu: "Sim".

No último domingo, o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a possibilidade de Maia concorrer à reeleição em 2021, alterando o tabuleiro político da sucessão na Câmara.

Questionado se via na declaração de Maia uma reação sobre a dificuldade de fazer o sucessor, o presidente do Progressistas, respondeu: "Rodrigo sempre só preparou um candidato: Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia", disse.

Ex-aliado de Maia, o deputado Marcelo Ramos (PL), que foi indicado como primeiro vice-presidente na chapa de Lira, também criticou o atual chefe da Câmara. O parlamentar disse que não queria entrar no mérito da fala de Lira que, segundo Maia, teria chamado Paulo Guedes de "vendedor de redes". "Não é de bom tom usar conversas privadas de quem foi aliado quando depois estão em disputa", disse Ramos, ressaltando "o tom informal da conversa" entre os ex-aliados.

Ao Estadão, Ramos disse ainda que, no julgamento que barrou a reeleição de Maia, a Constituição foi confirmada pelo STF e que Maia "não pode ser candidato e nem deve se portar como tal". O parlamentar disse ainda que o atual presidente tomar atitudes incompatíveis com o cargo e vem tentando dividir a Câmara.

"Todos nós aprendemos a respeitar o Rodrigo pela capacidade dele de diálogo e de unir a Câmara. Ele precisa lembrar que é presidente da Câmara até 31/01/2021 e deve agir como tal. A tentativa de dividir a Câmara não é compatível com o exercício da Presidência e trará consequências graves pra quem quer que seja o próximo presidente", disse Marcelo Ramos.

Apoios

Maia repetia que não estava buscando a reeleição, mas parlamentares apontam que a decisão da Corte de impedir a recondução no Congresso foi um revés para o atual presidente da Câmara. Ao longo da semana, o bloco que se formava no entorno de Maia rachou. O presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), deixou o grupo e deve lançar uma candidatura independente, com o discurso de uma terceira via na disputa.

Formado por DEM, MDB, PSDB, Cidadania e PV, o bloco de Maia ainda não lançou um candidato. Já a candidatura de Arthur Lira, que conta com o incentivo do Palácio do Planalto, foi oficializada na quarta-feira, 9. O deputado tem o apoio de PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. A expectativa do Progressista é tentar atrair o PTB e convencer Marcos Pereira, do Republicanos, abrir mão da disputa em prol de Lira.

Procurados, o deputado Arthur Lira e o ministro da Economia, Paulo Guedes, não se manifestaram sobre a fala de Rodrigo Maia.

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