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Em breve saída da prisão, Lula se despede de neto apoiado por seguidores

Ex-presidente afirmou que neto sofreu bullying na escola pelo fato de ter o avô preso; Arthur foi pelo menos duas vezes visitar o avô na PF

Lula: petista recebeu o apoio de militantes e aliados em cemitério (Amanda Perobelli/Reuters)

Lula: petista recebeu o apoio de militantes e aliados em cemitério (Amanda Perobelli/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de março de 2019 às 15h06.

Última atualização em 2 de março de 2019 às 17h41.

Em meio a fortes medidas de segurança e com apoio de seus seguidores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu neste sábado (2) ao funeral de seu neto Arthur, em São Bernardo do Campo, após obter uma permissão para deixar por algumas horas a prisão onde cumpre sua condenação por corrupção.

O ex-presidente (2003-2010) chegou ao cemitério de São Bernardo do Campo às 11h00 em um comboio de automóveis pretos, do qual saiu escoltado por agentes armados para entrar caminhando na cerimônia de despedida de seu neto, que faleceu repentinamente devido a uma meningite aos sete anos.

Usando um terno escuro e uma camisa clara, cumprimentou com um semblante muito sério os militantes que o aguardavam na porta aos gritos de "Lula, guerreiro do povo brasileiro". Quase duas horas depois, deixou o local entre aplausos de seus partidários.

Apoiando a família do patriarca da esquerda também estiveram vários representantes de movimentos sociais e do Partido dos Trabalhadores, como a ex-presidente Dilma Rousseff e Fernando Haddad, candidato derrotado nas últimas eleições.

Numerosos ramos de flores adornavam a sala onde ocorreu o velório, fechado à imprensa, incluindo uma coroa enviada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou o jornal Folha de São Paulo.

Sem conseguir conter as lágrimas, o ex-líder sindical, de 73 anos, falou durante a cerimônia que antecedeu a cremação do menino, prazo máximo concedido para a sua saída.

"As palavras de Lula ao se despedir emocionaram a todos", contou depois João Pedro Stedile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao portal G1.

"Disse que ele [Arthur] vinha sofrendo bullying na escola, que os colegas dele ficavam dizendo que o avô dele era ladrão e por isso estava preso. Fez um testemunho [com o neto] dizendo que se comprometia a lutar de todas as formas para que o Poder Judiciário o reconhecesse como inocente", afirmou.

Arthur, cujo pai é Sandro Luis Lula da Silva, um dos cinco filhos de Lula, havia visitado o avô na prisão em duas ocasiões.

Dispositivo complexo

O amplo dispositivo de segurança que cobriu a viagem do ex-presidente a São Bernado, de cerca de 425 quilômetros, teve vários trechos que começaram às 07h00, quando Lula deixou de helicóptero o edifício da Polícia Federal em Curitiba rumo ao aeroporto.

De lá viajou até São Paulo em um avião do governo do Paraná, antes de completar a penúltima etapa até São Bernardo, berço de sua carreira política e seu local de residência, novamente de helicóptero.

O itinerário havia sido mantido em segredo por ordem da Justiça.

O ex-presidente foi autorizado a sair da prisão em aplicação de uma lei que permite aos presos visitar parentes próximos gravemente feridos, ou comparecer aos seus funerais.

Esta é a segunda vez que Lula deixa o edifício onde ocupa uma cela desde que, em 7 de abril, começou a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A primeira foi em novembro, quando foi levado para prestar depoimento ante um tribunal de primeira instância de Curitiba, em um caso pelo qual foi condenado no mês passado a outros 12 anos e 11 meses de prisão.

No fim de janeiro, Lula não pôde comparecer ao enterro de seu irmão Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, porque a Justiça lhe concedeu uma permissão de última hora, quando já estava ocorrendo o funeral.

"Não deixaram que me despedisse de Vavá por pura maldade", disse naquela ocasião.

Polêmica

O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, considerou "absurdo" que a Justiça autorizasse a saída de Lula.

"Lula é preso comum e deveria estar num presídio comum. Quando o parente de outro preso morrer ele também será escoltado pela PF para o enterro? Absurdo até se cogitar isso, só deixa o larápio em voga posando de coitado", escreveu no Twitter na sexta-feira.

O tuíte gerou uma onda de críticas, inclusive entre seguidores do legislador de 34 anos, um dos três filhos de Bolsonaro dedicados à política, que amenizou depois as suas palavras destacando que a morte do menino era um fato "lamentável e indesejável".

Outros adversários políticos de Lula, ao contrário, manifestaram o seu apoio, como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que expressou a sua "total solidariedade" diante da dolorosa perda.

Lula encadeou uma série de tragédias pessoais e reveses políticos e judiciais desde a morte de sua esposa, Marisa Leticia, em fevereiro de 2017 até a morte de seu neto, passando por sua prisão e a derrota de Fernando Haddad nas eleições presidenciais de outubro contra Bolsonaro.

O ex-presidente responde a outros processos na Justiça, mas se declara inocente em todos e denuncia uma conspiração para impedi-lo de retornar ao poder.

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