Brasil

Lula negociou com Chávez para proteger Odebrecht, diz delator

Emílio Odebrecht disse que pediu ao ex-presidente que saísse em defesa do grupo, que estava ameaçado pela Andrade Gutierrez

Chávez e Lula: a Odebrecht estava sendo ameaçada em obra da Usina Hidrelétrica de Tocoma (Handout/Getty Images)

Chávez e Lula: a Odebrecht estava sendo ameaçada em obra da Usina Hidrelétrica de Tocoma (Handout/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de abril de 2017 às 16h45.

São Paulo - O empresário Emílio Odebrecht, patriarca da Odebrecht, confessou em delação premiada que pediu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele interviesse com o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, que morreu em 2013, em defesa do grupo, que estava ameaçado pela Andrade Gutierrez, em obra da Usina Hidrelétrica de Tocoma.

O termo 24 de Odebrecht trata sobre anotação que havia sido apreendida com o presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrecht - preso desde 19 de junho de 2015. A anotação registrava: "Lula vs Ven e comentário AG".

"Essa nota refere-se ao pedido que Marcelo me fez de falar com o ex-presidente Lula sobre a interferência que algumas pessoas ligadas ao governo do Brasil estavam fazendo junto ao governo da Venezuela em favor da Andrade Gutierrez", registra o anexo 24, da delação do empresário.

"Acredito que as empresas devem conquistar contratos e espaço em outros países em função das suas competências técnicas e negociais", afirma.

"Porém, acredito, da mesma forma, que o governo de origem não deve privilegiar uma determinada empresa em detrimento de outra (s). Era o que, aparentemente, estava acontecendo no caso."

No anexo entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), que antecede o testemunho filmado, em que ele enumera temas que pode revelar, Emílio Odebrecht disse que não se recordava se tratou do assunto com o ex-presidente, "mas muito provavelmente" o fez.

Ao ser interrogado pelos procuradores, o empresário confirma que falou com Lula sobre o assunto. "Cheguei a ter a oportunidade, a pedido de Marcelo, de conversar com ele próprio Lula, de que isso não podia estar acontecendo."

"No fundo, foi uma reclamação de que o governo dele estava, em detrimento de outras, estava privilegiando uma em um negócio, em uma licitação. Houve na área da siderúrgica e na de uma hidrelétrica."

O procurador da República quis saber se ele foi mesmo falar com o ex-presidente e qual foi a resposta. "Falei." Emílio Odebrecht afirmou que Lula "ouviu".

"E disse 'Você tem toda razão e vou verificar o que está acontecendo'. Ele procurou minimizar, achando que não era."

Emílio Odebrecht afirmou que teria dito a Lula que não levava a ele "coisas que eu não tenho confirmado". De acordo com o empresário, era "o Itamaraty" que apoiaria a Andrade Gutierrez.

"Não só o Itamaraty, como pessoas de dentro do Planalto." O delator afirmou não ter descoberto quem no governo. Emílio Odebrecht disse que a Odebrecht venceu uma das obras.

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaHugo ChávezLuiz Inácio Lula da SilvaNovonor (ex-Odebrecht)Operação Lava JatoVenezuela

Mais de Brasil

Quem é Luiz Galeazzi, empresário morto em queda de avião em Gramado

Em SP, 65.000 seguem sem luz e previsão é de chuva para a tarde deste domingo

Sobe para 41 número de mortos em acidente em Minas Gerais

Avião cai em Gramado, na Serra Gaúcha, e não deixa sobreviventes