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Lula nega trapaça na escolha do Rio para sediar Olimpíada 2016

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depôs hoje (5) como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral

Lula: ex-presidente depôs hoje (5) como testemunha na operação Unfair Play, que envolve o ex-governador Sérgio Cabral (Victor Moriyama/Getty Images)

Lula: ex-presidente depôs hoje (5) como testemunha na operação Unfair Play, que envolve o ex-governador Sérgio Cabral (Victor Moriyama/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 5 de junho de 2018 às 12h05.

Última atualização em 5 de junho de 2018 às 12h19.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depôs hoje (5) como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral e disse que não houve trapaça na votação que elegeu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Lula também respondeu, por videoconferência, a perguntas do Ministério Público Federal e do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.

"Quem fala que foi trapaça não entende nada de nada e não viveu o que nós vivemos", disse Lula, que afirmou que a candidatura do Rio de Janeiro só poderia ser bem sucedida se houvesse o empenho do governo federal e do Itamaraty.

Lula afirmou que defendeu a candidatura da cidade em todos os eventos oficiais em que participou em outros países e orientou o Ministério de Relações Exteriores a fazer o mesmo. Durante o depoimento, Lula lembrou de compromissos oficiais em que defendeu a candidatura do Rio de Janeiro, como a viagem aos Jogos de Pequim, a campanha antes da votação, em Copenhague, e uma reunião com a União Africana.

"Sem o envolvimento do Brasil como um todo, o Rio de Janeiro não ganharia. O Brasil vivia um momento sensacional e tinha virado um protagonista internacional."

O ex-presidente também respondeu a perguntas da defesa de Carlos Arthur Nuzman, que é réu acusado de participar do mesmo esquema. Lula afirmou que Nuzman era uma figura respeitada internacionalmente. "Não vi nenhuma atitude dele que pudesse desabonar o Brasil ou as Olimpíadas."

Ao responder às perguntas, o ex-presidente criticou a imprensa, afirmando que nem sempre se pode acreditar no que é publicado. Ele afirmou ainda que o Brasil vive um momento de denuncismo. "Eu só lamento que venha uma denúncia de compra de delegado anos depois. Não sei quem fez a denúncia e não quero saber. Como estamos vivendo um momento de denuncismo", disse Lula que foi interrompido pelo juiz Bretas.

Ao final do depoimento, Bretas agradeceu ao ex-presidente pela "postura" e disse que Lula é uma figura importante para o país e para ele próprio. O magistrado disse que participou de um comício com Lula quando tinha 18 anos.

O ex-presidente convidou Bretas a participar de novos atos políticos. "Quando eu fizer um comício, agora eu vou chamar o senhor para participar", disse Lula, que prestou o depoimento vestindo terno e a gravata usada no dia da eleição do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas. "Carrego essa gravata até ela desmanchar".

Cabral

O ex-governador acompanhou o testemunho ao lado de seus advogados e pediu a Bretas para cumprimentar Lula no início da audiência.

"Meu abraço ao senhor e meus sentimentos pelo falecimento da Dona Marisa. Eu estava preso já. Um abraço meu, da Adriana e dos meus filhos", disse Cabral.

Bretas também anunciou no início da audiência que um espaço no tribunal foi reservado para que Cabral se encontre com sua mulher, Adriana Ancelmo, seus filhos e netos. Segundo Bretas, o encontro foi um pedido da defesa de Cabral e foi concedido "por questões humanitárias".

Operação Unfair Play

Os processos contra Cabral e Nuzman fazem parte da Operação Unfair Play, que apura um suposto esquema de corrupção para a compra de apoio na votação que definiu o Rio como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Está previsto para as 16h o depoimento de Pelé, que foi arrolado pela defesa de Nuzman.

Além de Cabral e Nuzman, também são réus na ação o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur; o ex-diretor de Operações do Comitê Rio 2016, Leonardo Gryner; e os senegaleses Papa Diack e Lamine Diack, que teriam recebido propina para garantir votos africanos à candidatura do Brasil.

Nuzman é acusado de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, e Cabral, de corrupção passiva. Gryner é acusado de corrupção passiva e organização criminosa. Arthur Soares, de corrupção ativa. E Papa e Lamine Diack, de corrupção passiva.

Ao aceitar a denúncia, em outubro do ano passado, Bretas escreveu: "No período compreendido entre agosto e setembro de 2009, Sérgio Cabral, Carlos Nuzman e Leonardo Gryner, de forma livre e consciente, solicitaram e aceitaram promessa de vantagem indevida de Arthur Soares, consistente no pagamento a Lamine Diack, por intermédio do seu filho, Papa Diack, no valor de, ao menos, US$ 2 milhões, com o intuito de garantir votos para o Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016".

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