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Lula diz que Globo fez acordo com Netflix para "O Mecanismo"

Lula criticou "O Mecanismo" por atribuir a João Higino, personagem que o representa, uma frase dita por Romero Jucá

O Mecanismo: condenado em duas instâncias, Lula se diz vítima mais uma vez (Netflix/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de abril de 2018 às 22h33.

Última atualização em 3 de abril de 2018 às 10h54.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite desta segunda-feira, 2, que deseja ver o mérito de seu processo sobre o triplex do Guarujá (SP) julgado, para que a "verdade" a seu respeito seja restabelecida. O petista afirmou ainda que a TV Globo fez um acordo com a Netflix para a produção da série " O Mecanismo ", sobre a Operação Lava Jato . As declarações foram dadas em discurso em ato público no Rio em sua defesa - o último antes do julgamento do habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira, que pode livrá-lo da prisão.

"Eu não estou aqui pelo direito de ser candidato. O que eu quero é que eles parem de mentir a meu respeito, devolvam a minha inocência. Eu quero é que eles votem o mérito do meu processo. Não estou acima da lei, tenho que ser tratado como qualquer cidadão. Quero é que digam a verdade a meu respeito", afirmou Lula.

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O ex-presidente criticou "O Mecanismo", do diretor José Padilha, pelo fato de a série ter colocado o personagem inspirado nele falando a frase "é preciso estancar a sangria" - originalmente dita pelo senador Romero Jucá (MDB-RR) e captada em grampo autorizado pela Justiça.

"A TV Globo, embora seja o canal de maior audiência, não tem mais a mesma credibilidade. Agora eles fizeram um acordo com a Netflix, de contar uma mentira que a Globo não teve coragem de contar. Colocaram na minha boca o que o Jucá falou, colocaram o (doleiro Alberto) Youssef no comitê de campanha da (ex-presidente) Dilma (Rousseff), e outros que tais." A série é "livremente inspirada" na Lava Jato, segundo Padilha, e por isso não segue à risca os fatos reais da operação.

Do ato desta segunda-feira, no Circo Voador, na Lapa, participam o compositor Chico Buarque (que não discursou), a presidenciável Manuela D'Ávila (PCdoB) e parlamentares de PT, PSOL, PSB, PDT, PCO e PCdoB. O ato foi batizado como "Em defesa da democracia - Justiça para Marielle", em alusão à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14 na região central do Rio.

Com capacidade para cerca de duas mil pessoas, a casa de espetáculos ficou lotada por apoiadores do ex-presidente.

Lula foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a 12 anos e um mês de prisão em janeiro deste ano, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá. A decisão ratificou a sentença proferida pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba em julho do ano passado.

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