Lula: na opinião do petista, nos termos dessa reforma, "nós vamos colocar o fraco diante do forte, sendo que o forte tem toda a capacidade de pressão" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de abril de 2017 às 19h21.
São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta terça-feira, 25, a reforma da Previdência em entrevista a Rádio Cidade do Rio Grande do Norte e comparou o projeto a uma bomba atômica.
"Reforma pressupõe uma coisa boa. Quando você diz que vai reformar sua casa, seu carro, é para melhorar. Mas o que está sendo feito não é uma reforma; eles estão destruindo o que já tem. Isso tá mais para bomba de Hiroshima do que para reforma", afirmou.
Para Lula, reformar a Previdência é necessário, visando principalmente gerações futuras.
Mas, segundo ele, para isso, seria necessário fazer um amplo debate com a sociedade brasileira, o movimento sindical e os principais atingidos, no caso os aposentados e os trabalhadores "da ativa".
De acordo com o petista, a livre-negociação entre empresários e trabalhadores pode até ser considerada, mas é importante ter uma regulação que proteja o trabalhador, já que no Brasil há poucos sindicatos capazes de negociar em igualdade com os empregadores.
Na opinião de Lula, nos termos dessa reforma, "nós vamos colocar o fraco diante do forte, sendo que o forte tem toda a capacidade de pressão".
Sobre a Lava Jato, o ex-presidente se diz tranquilo, apesar de achar que sofre uma "perseguição" há pelo menos três anos.
"Quero ver acharem 50 centavos meus em alguma conta por aí", protestou.
A respeito da possível delação do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci, Lula afirma que não está preocupado e que só Palocci sabe se cometeu algum erro, algum delito.
"Se ele vai fazer delação ou não, é uma decisão dele", afirmou o presidente.