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'Não terei nenhum problema em fazer chapa com Alckmin', diz Lula

Presidenciável defende possível aliado em coletiva e afirma que ex-governador está 'contra Bolsonaro e Doria'

Eleições: Aperto de mão entre Geraldo Alckmin e Luiz Inacio Lula da Silva durante jantar em São Paulo. 19/12/2021 (Ricardo STUCKERT / PRESS OFFICE OF LUIZ INACIO LULA DA SILVA/AFP)

Eleições: Aperto de mão entre Geraldo Alckmin e Luiz Inacio Lula da Silva durante jantar em São Paulo. 19/12/2021 (Ricardo STUCKERT / PRESS OFFICE OF LUIZ INACIO LULA DA SILVA/AFP)

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Agência O Globo

Publicado em 19 de janeiro de 2022 às 18h04.

Última atualização em 19 de janeiro de 2022 às 18h13.

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não teria "nenhum problema" em compor uma chapa com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) nas eleições presidenciais deste ano. Em coletiva nesta quarta-feira, Lula defendeu Alckmin e disse que o ex-tucano já se definiu como oposição ao presidente Jair Bolsonaro e ao governador João Doria, pré-candidato pelo PSDB à Presidência.

Alckmin foi convidado pelo PSB em dezembro a se filiar à sigla, mas ainda não respondeu. Ele também mantém conversas com o Solidariedade. A aliados, o ex-governador já afirmou que desistiu de concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes e sinalizou que seu projeto para 2022 é o embarque na chapa do petista.

— Não terei nenhum problema em fazer chapa com o Alckmin para ganhar as eleições e governar esse país. Só não posso dizer ainda porque falta definir para qual partido ele vai, ver se o partido vai fazer aliança com o PT — disse Lula, que no início da entrevista afirmou ainda não ter definido a própria candidatura.  — Espero que o Alckmin esteja junto, sendo vice ou não, porque me parece que ele já se definiu como oposição não só a Bolsonaro como ao “dorismo” aqui em São Paulo

Questionado sobre a viabilidade de aliança com Alckmin, Lula disse que nunca teve problemas na relação com ele nem com o senador José Serra (PSDB-SP), quando governaram São Paulo.

— Temos divergências, temos. Por isso pertencemos a partidos diferentes. Temos visões de mundo diferentes, temos. Mas isso não impede a possibilidade de que as divergências sejam colocadas em um canto e as convergências de outras para poder governar – afirmou.

Ao ser perguntado sobre críticas feitas no passado pela esquerda a episódios e medidas ocorridas durante as gestões de Alckmin no governo de São Paulo, Lula defendeu o ex-adversário.

— Sinto que você construiu uma quantidade de defeitos para poder falar do Alckmin. Só quem não tem falado do assunto é o Alckmin e eu. Todo mundo fala todo santo dia. Todo mundo dá palpite. Mas você não vê uma fala minha, uma fala do Alckmin. Ele saiu do PSDB e não se definiu para qual partido vai. Ele não tem partido hoje. E eu não defini minha candidatura. Então não pode ter candidato nem vice.

Na mesma coletiva, Lula disse que Alckmin precisa ser "melhor ou igual" a José Alencar, que foi seu vice nos dois mandatos. A formação de uma chapa Lula-Alckmin, porém, está longe de ser consenso em setores da esquerda e dentro do próprio PT, que têm intensificado as críticas a essa possível aliança.

A coletiva desta quarta foi a primeira concedida pelo ex-presidente este ano e restrita a jornalistas do Blog da Cidadania, Brasil 247, Diário do Centro do Mundo, Jornal GGN, Jornalistas Livres, Rede Brasil Atual, Revista Fórum e Tutaméia. Segundo Lula, a decisão de concorrer à Presidência só tem sentido “se tiver um compromisso de fé”.

— Não posso querer ser presidente para resolver problemas do sistema financeiro, dos empresários, daqueles que ficaram mais ricos na pandemia — disse.

Aceno a militares

Lula fez ainda um aceno às Forças Armadas, disse que teve uma boa relação e de investimentos em seu governo, e que "não é possível balizar as Forças Armadas pelas pessoas que estão no governo hoje", em alusão à aliança de militares com o presidente Bolsonaro.

Segundo Lula, não existe problema nas Forças Armadas, mas "falta de orientação".

— Não posso balizar as Forças Armadas pelas pessoas que estão no governo — afirmou. — Essa gente não representa as Forças Armadas. Estou convencido que há um grupo de aproveitadores hoje. O (ex-ministro da Saúde Eduardo) Pazuello jamais poderia ser um general com a grosseria que ele tem, com a formação, com a ignorância que ele tem. Um homem como aquele não pode chegar a general. Um homem que pensou em ir à CPI de farda para ser mais respeitado. Não é a farda que mostra caráter. É a formação, o interesse de defender a soberania nacional.

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