Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 15 de junho de 2024 às 09h45.
Última atualização em 15 de junho de 2024 às 09h49.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado, 15, que vai discutir a revisão de gastos do governo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas ressaltou que não irá fazer nenhum ajuste fiscal que corte despesas sociais.
"Falei para o companheiro Rui Costa preparar uma reunião do conselho orçamentário porque quero fazer a discussão sobre o orçamento. Quero fazer discutir os gastos. Porque o que muita gente acha que é gasto, é investimento. E digo isso com a maior tranquilidade", disse o presidente em coletiva de imprensa na Itália, onde participa de agenda na Cúpula do G7.
Na quinta-feira, Haddad disse que o governo vai manter um ritmo mais intenso sobre a agenda de cortes de gastos, fazendo uma revisão ampla de despesas. O ministro disse que será feita uma "revisão ampla, geral e irrestrita" das propostas para reduzir despesas.
O petista reforçou que o seu governo jamais vai fazer ajustes fiscais "em cima dos pobres". Uma das propostas discutidas pelo mercado para melhorar as contas públicas é o governo desvincular o salário mínimo das aposentadorias. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, negou na última semana que o tema "passe pela cabeça' do presidente e da equipe econômica.
"A gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres, porque os que ficam criticando déficit fiscal, os que ficam criticando os gastos do governo são os mesmos que foram pro Senado aprovar a desoneração de 17 grupos empresariais, são os mesmos, e que ficaram de fazer uma compensação pra suprir dinheiro da desoneração e não quiseram fazer. Falei para o Haddad, que não é mais problema do governo, problema agora é deles", afirmou. "A decisão do STF diz que se dentro de 45 dias não tiver acordo, está válido o meu veto, aí não vai ter desoneração. Então agora os empresários se reúnam, discutam e apresentam ao ministro da Fazenda uma proposta de compensação", disse o petista.
Questionado sobre a mudança das regras constitucionais que preveem pisos de gastos com saúde e educação, Lula disse que "piorar" os serviços básicos da população não vai melhorar o país.
"Agora achar que nós temos que piorar saúde, que temos de piorar educação para melhorar. Isso é feito há 500 anos no Brasil, há 500 anos o povo pobre não participava do orçamento", disse Lula.
Lula voltou a fazer acenos à Haddad e disse que ele nunca estará enfraquecido enquanto ele for o presidente. O chefe da Fazenda viu sua agenda de equilíbrio das contas públicas ser questionada pelo mercado após derrotas no Congresso, incluindo a devolução da medida provisória (MP) que limitava a compensação de crédito do PIS/Cofins para a manutenção da política de desoneração da folha de empresas e municípios até 2027. Foi a primeira vez no atual mandato do presidente Lula que o Legislativo rejeitou uma medida provisória.
"O Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da república, porque ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim. Se o Haddad tiver uma proposta, ele vai me procurar essa semana e vai discutir economia comigo", disse Lula.
O presidente voltou a reclamar das taxas de juros de 10,25% e criticou e chamou de "festa" o evento em que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou na Assembleia Legislativa de São Paulo ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
"A única coisa que não é tratada como gasto é o dinheiro que é pagamos de juros de uma dívida por conta da alta de juros. Isso é gasto. Quanto dinheiro gastamos em taxa de juros que poderia estar sendo investido em saúde, educação, mais universidade, empregos e mais desenvolvimento", disse o petista.