Lula: presidente está em Bruxelas (Cláudio Kbene/PR/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 17 de julho de 2023 às 07h13.
Última atualização em 17 de julho de 2023 às 07h40.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã desta segunda-feira, 17, que o Mercosul pretende finalizar um acordo “equilibrado” com a União Europeia ainda neste ano.
A declaração do petista, que está em Bruxelas para a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com o bloco europeu, ocorreu durante o fórum empresarial União Europeia e América Latina.
No discurso, o presidente falou sobre o ponto que está em discussão para o acordo sair do papel, as compras governamentais. Segundo ele, "as compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar nossa política industrial”.
O governo brasileiro é contra o trecho que trata de compras governamentais no texto do acordo negociado ao longo de mais de vinte anos, cuja versão final foi finalizada durante o governo Jair Bolsonaro.
“EUA e União Europeia saíram na frente e já adotam políticas industriais ambiciosas baseadas em compras públicas e conteúdo nacional”, disse Lula.
Mais cedo, o presidente brasileiro se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A líder europeia disse querer concluir o pacto "o mais rápido possível", em meio às divergências que prolongam mais as negociações de décadas.
Na última sexta-feira, o governo brasileiro enviou aos demais países do Mercosul - Argentina, Paraguai e Uruguai - uma contraproposta ao acordo comercial negociado pelo bloco com a União Europeia. O conteúdo havia sido finalizado após intensas discussões e divergências de visões entre ministérios, e o Itamaraty aguardava a autorização da Presidência da República para enviar a minuta aos demais países do Mercosul.
A íntegra do documento não foi divulgada, mas a proposta consiste num novo texto, para reagir às exigências ambientais apresentadas em março pela UE, além de incluir pedidos de mudança no capítulo de compras governamentais. Lula quer resguardar o acesso a licitações federais. A expectativa do Itamaraty é de que a União Europeia receba a contraproposta em algumas semanas.
O petista quer fechar o acordo até o final do ano, mas critica as exigências europeias. As negociações se arrastam desde 1999 e, apesar de um anúncio sobre um princípio de entendimento em 2019, diplomatas e negociadores dos blocos tentam negociar detalhes para que acordo seja sacramentado. Em uma das falas contra o texto europeu, Lula disse os países do Mercosul não devem ser condenados "ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo".
Entre os dias que estará no país europeu, o presidente brasileiro também terá sete reuniões bilaterais. Apesar de não ser o tema principal da cúpula, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia deve ser tratado em reuniões entre Lula, que é o presidente do bloco sul-americano, e os líderes europeus.
Segundo o Itamaraty, a cúpula "propiciará oportunidade para a retomada do diálogo de alto nível sobre temas de interesse comum e os desafios da atualidade". A expectativa é que 60 países participem do encontro de dois dias, entre 17 e 18 de julho. Representantes do setor privado e de bancos de financiamento também estarão no evento. São esperados os blocos discutam temas como: