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Lava Jato vê elo de Odebrecht com operador

Lava Jato identificou 135 telefonemas entre o operador de propinas Bernardo Freiburghaus e o diretor da empreiteira Odebrecht, Rogério Araújo

O operador de propinas, Bernardo Freiburghaus (foto), e o diretor da Odebrecht, Rogério Araújo, tiveram 135 telefonemas indicados por força-tarefa da Lava Jato (Reprodução/Interpol)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2015 às 11h19.

Curitiba e São Paulo - A força-tarefa da Lava Jato identificou 135 telefonemas entre o operador de propinas Bernardo Freiburghaus e o diretor da empreiteira Odebrecht , Rogério Araújo, afastado do cargo depois que foi preso pela 14ª etapa da operação, em 19 de junho.

As ligações ocorreram entre 1º de julho de 2010 e 27 de fevereiro de 2013.

Apenas alguns dias depois de vários desses contatos foram realizados depósitos milionários em contas de offshores na Suíça controladas pelo então diretor de Abastecimento da Petrobras , Paulo Roberto Costa - primeiro delator da Lava Jato.

Costa confessou ter recebido US$ 23 milhões da Odebrecht. Ele apontou Freiburghaus como o operador de propinas da maior empreiteira do País na estatal.

Para os investigadores, as datas coincidentes entre os telefonemas de Freiburghaus e Araújo e depósitos nas contas do ex-diretor da Petrobras representam um dos mais fortes indicativos do envolvimento da Odebrecht no esquema de corrupção - Marcelo Odebrecht e Araújo estão presos por ordem do juiz federal Sérgio Moro.

Os dados constam de documento entregue pela Procuradoria da República à Justiça para reforçar a "necessidade da manutenção da prisão" de Marcelo Odebrecht e de outros três executivos, inclusive Araújo.

Foram 111 ligações do terminal atribuído a Araújo para Freiburghaus, com duração total de 1 hora, 41 minutos e 17 segundos. Freiburghaus efetuou 24 ligações para Araújo, com duração total de 21 minutos e 13 segundos.

"Na análise do cruzamento desses dados foi possível identificar correlação entre, de um lado, as ligações telefônicas entre Araújo e Bernardo e, de outro lado, os créditos nas contas de Paulo Roberto no exterior", afirmam os procuradores da República da Lava Jato.

Transferências

A investigação mostra que, considerando o lapso de até oito dias entre as ligações de Araújo e Freiburghaus e as transferências para Costa no exterior, foram identificados 28 conjuntos de ligações/operações. "Tais evidências, consubstanciadas na correlação entre as ligações telefônicas de Araújo e Bernardo e os créditos nas contas de Paulo Roberto corroboram a colaboração deste e demonstram que Bernardo efetivamente era o operador utilizado pela Odebrecht para efetuar repasse de vantagens indevidas para funcionários da Petrobras no exterior", afirmam os procuradores.

"Havia, de fato, uma relação triangular: Odebrecht (Rogério Araújo e Marcelo Odebrecht) - Bernardo - Paulo Roberto, fartamente demonstrada em documentos."

A força-tarefa identificou, por exemplo, dois telefonemas no dia 17 de maio de 2011 entre Araújo e o operador de propinas. No dia seguinte foram depositados US$ 750 mil em uma conta de Costa.

No dia 19 de maio mais US$ 240 mil caíram na conta do então diretor da Petrobras. No dia 23 de maio, novo depósito, de US$ 1 milhão.

Os procuradores estão convencidos da participação de Marcelo Odebrecht. "Embora as ligações telefônicas identificadas demonstrem que Araújo era o interlocutor com o operador da Odebrecht, tal conduta é também imputável a Marcelo Odebrecht. Não temos dúvidas de que este, na condição de presidente da Odebrecht, tinha conhecimento e concordância dos sofisticados meios de lavagem de dinheiro utilizados pela empresa no repasse de propinas para dirigentes da Petrobras."

A "alternativa", afirmam os procuradores, seria crer que Araújo "tenha pago, de seu bolso, mais de US$ 23 milhões para Paulo Roberto". "É certo que os pagamentos, que beneficiavam a empresa, saíam dos cofres desta. Não é crível que pagamentos dessa dimensão não tivessem a concordância de seu principal gestor, Marcelo Odebrecht. Não é crível ainda que os pagamentos, na quantidade e volume em que se deram, ocorressem sem o conhecimento e concordância de Marcelo Odebrecht. Tanto é assim que, mesmo depois de revelados os fatos, não houve qualquer censura, apuração ou punição em relação ao comportamento de Araújo. Pelo contrário, a empresa, instruída por seu presidente, insiste em negar os fatos."

Defesas

A Odebrecht alegou que "desconhece completamente os fatos e o teor dos supostos telefonemas apontados e mais uma vez questiona o vazamento seletivo de informações, vício que compromete o exercício do direito de defesa".

A defesa de Freiburghaus não foi localizada na segunda-feira.

A defesa de Paulo Roberto Costa alega que ele colaborou plenamente com as investigações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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As ligações ocorreram entre 1º de julho de 2010 e 27 de fevereiro de 2013.

Apenas alguns dias depois de vários desses contatos foram realizados depósitos milionários em contas de offshores na Suíça controladas pelo então diretor de Abastecimento da Petrobras , Paulo Roberto Costa - primeiro delator da Lava Jato.

Costa confessou ter recebido US$ 23 milhões da Odebrecht. Ele apontou Freiburghaus como o operador de propinas da maior empreiteira do País na estatal.

Para os investigadores, as datas coincidentes entre os telefonemas de Freiburghaus e Araújo e depósitos nas contas do ex-diretor da Petrobras representam um dos mais fortes indicativos do envolvimento da Odebrecht no esquema de corrupção - Marcelo Odebrecht e Araújo estão presos por ordem do juiz federal Sérgio Moro.

Os dados constam de documento entregue pela Procuradoria da República à Justiça para reforçar a "necessidade da manutenção da prisão" de Marcelo Odebrecht e de outros três executivos, inclusive Araújo.

Foram 111 ligações do terminal atribuído a Araújo para Freiburghaus, com duração total de 1 hora, 41 minutos e 17 segundos. Freiburghaus efetuou 24 ligações para Araújo, com duração total de 21 minutos e 13 segundos.

"Na análise do cruzamento desses dados foi possível identificar correlação entre, de um lado, as ligações telefônicas entre Araújo e Bernardo e, de outro lado, os créditos nas contas de Paulo Roberto no exterior", afirmam os procuradores da República da Lava Jato.

Transferências

A investigação mostra que, considerando o lapso de até oito dias entre as ligações de Araújo e Freiburghaus e as transferências para Costa no exterior, foram identificados 28 conjuntos de ligações/operações. "Tais evidências, consubstanciadas na correlação entre as ligações telefônicas de Araújo e Bernardo e os créditos nas contas de Paulo Roberto corroboram a colaboração deste e demonstram que Bernardo efetivamente era o operador utilizado pela Odebrecht para efetuar repasse de vantagens indevidas para funcionários da Petrobras no exterior", afirmam os procuradores.

"Havia, de fato, uma relação triangular: Odebrecht (Rogério Araújo e Marcelo Odebrecht) - Bernardo - Paulo Roberto, fartamente demonstrada em documentos."

A força-tarefa identificou, por exemplo, dois telefonemas no dia 17 de maio de 2011 entre Araújo e o operador de propinas. No dia seguinte foram depositados US$ 750 mil em uma conta de Costa.

No dia 19 de maio mais US$ 240 mil caíram na conta do então diretor da Petrobras. No dia 23 de maio, novo depósito, de US$ 1 milhão.

Os procuradores estão convencidos da participação de Marcelo Odebrecht. "Embora as ligações telefônicas identificadas demonstrem que Araújo era o interlocutor com o operador da Odebrecht, tal conduta é também imputável a Marcelo Odebrecht. Não temos dúvidas de que este, na condição de presidente da Odebrecht, tinha conhecimento e concordância dos sofisticados meios de lavagem de dinheiro utilizados pela empresa no repasse de propinas para dirigentes da Petrobras."

A "alternativa", afirmam os procuradores, seria crer que Araújo "tenha pago, de seu bolso, mais de US$ 23 milhões para Paulo Roberto". "É certo que os pagamentos, que beneficiavam a empresa, saíam dos cofres desta. Não é crível que pagamentos dessa dimensão não tivessem a concordância de seu principal gestor, Marcelo Odebrecht. Não é crível ainda que os pagamentos, na quantidade e volume em que se deram, ocorressem sem o conhecimento e concordância de Marcelo Odebrecht. Tanto é assim que, mesmo depois de revelados os fatos, não houve qualquer censura, apuração ou punição em relação ao comportamento de Araújo. Pelo contrário, a empresa, instruída por seu presidente, insiste em negar os fatos."

Defesas

A Odebrecht alegou que "desconhece completamente os fatos e o teor dos supostos telefonemas apontados e mais uma vez questiona o vazamento seletivo de informações, vício que compromete o exercício do direito de defesa".

A defesa de Freiburghaus não foi localizada na segunda-feira.

A defesa de Paulo Roberto Costa alega que ele colaborou plenamente com as investigações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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