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Lava Jato diz que interferir em investigação é da "mais elevada gravidade"

Em discurso para anunciar demissão, ministro Sergio Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro admitiu a intenção de interferência política na PF

Sergio Moro: ministro anunciou demissão nesta sexta-feira após interferência do governo na Polícia Federal (Ueslei Marcelino/Reuters)

Sergio Moro: ministro anunciou demissão nesta sexta-feira após interferência do governo na Polícia Federal (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2020 às 14h48.

Última atualização em 24 de abril de 2020 às 15h17.

A força-tarefa da Lava Jato no Paraná afirmou que as declarações do ex-ministro Sergio Moro sobre tentativas de interferência do presidente Jair Bolsonaro são atos "da mais elevada gravidade" e que é "inconcebível" o acesso do Planalto a informações sigilosas.

"A tentativa de nomeação de autoridades para interferir em determinadas investigações é ato da mais elevada gravidade e abre espaço para a obstrução do trabalho contra a corrupção e outros crimes praticados por poderosos, colocando em risco todo o sistema anticorrupção brasileiro", afirma a Lava Jato.

"A escolha de dirigentes da PF deve ser voltada para fortalecer o combate à corrupção, ao crime organizado e a outros crimes. A seleção guiada por interesses pessoais e político-partidários coloca em risco o combate à corrupção no Brasil", afirma Deltan Dallagnol, o coordenador da força-tarefa.

Para Deltan, em sua visão, a "denúncia pública feita hoje pelo Ministro da Justiça reflete a seriedade com que conduziu seus trabalhos e seu compromisso com a sociedade e o interesse público". "O avanço do trabalho contra a corrupção no Brasil requer que as investigações, especialmente aquelas contra poderosos, sejam protegidas de ingerências políticas."

De acordo com os procuradores, a escolha de pessoas para cargos na estrutura do Ministério da Justiça e da Polícia Federal não pode servir "para interferência político-partidária nas investigações e processos".

"É inconcebível que o presidente da República tenha acesso a informações sigilosas ou que interfira em investigações", afirma a força-tarefa.

Ao anunciar sua demissão do governo federal, Moro criticou a insistência do presidente Jair Bolsonaro para a troca do comando da Polícia Federal, sem apresentar razões aceitáveis. O ex-juíz da Lava Jato também disse que o presidente queria ter acesso a informações e relatórios confidenciais de inteligência da PF.

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