Exame Logo

Lava Jato denuncia ex-gerente da Transpetro

A acusação aponta que o ex-dirigente da subsidiária da Petrobras recebeu R$ 7,5 milhões em propinas, pagas pela empresa NM Engenharia

Transpetro: a investigação aponta que José Antônio de Jesus recebeu propinas de Luiz Fernando Nave Maramaldo (Germano Lüders/Exame)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 21h36.

São Paulo - A força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou nesta quarta-feira, 13, o ex-gerente de Suporte Técnico de Dutos e Terminais Norte-Nordeste da Transpetro José Antônio de Jesus e mais três investigados por corrupção e lavagem de dinheiro.

A acusação aponta que o ex-dirigente da subsidiária da Petrobras recebeu R$ 7,5 milhões em propinas, pagas pela empresa NM Engenharia.

Veja também

Segundo a Procuradoria da República, os crimes denunciados nesta acusação formal foram investigados a partir da colaboração da empresa NM Engenharia e de seu sócio Luiz Fernando Nave Maramaldo. As investigações continuam em relação a outros crimes praticados na Transpetro.

A investigação aponta que José Antônio de Jesus recebeu propinas de Luiz Fernando Nave Maramaldo, executivo da NM Engenharia, por 63 vezes entre 2009 e 2014.

Os subornos eram pagos em função de licitações, contratos e aditivos firmados entre a NM Engenharia e a Transpetro e correspondiam a 0,5% dos 49 contratos e 14 aditivos, que totalizaram aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

Os recursos ilícitos eram divididos entre o ex-gerente e integrantes dos Partidos dos Trabalhadores (PT).

A denúncia ainda descreve que José Antônio de Jesus e Luiz Fernando Nave Maramaldo, com Adriano Silva Correia e José Roberto Soares Vieira, que eram ligados ao ex-gerente, lavaram o dinheiro das propinas em 304 oportunidades.

"Para tanto, os denunciados orquestraram repasses, em sua maioria a partir da NM Engenharia, para outras duas empresas sem qualquer justificativa econômica legítima. Em seguida, os recursos foram objeto de diversas transferências bancárias, com fracionamento de depósitos, em valores abaixo de R$ 10 mil, para familiares de José Antônio de Jesus. Isso objetivava evitar que as instituições financeiras detectassem as operações suspeitas e as comunicassem ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)", afirma a Procuradoria em nota.

"A acusação deixa claro que o complexo esquema de corrupção investigado na Lava Jato não se restringiu à Petrobras, mas alcançou também subsidiárias integrais da companhia, dentre elas a Transpetro, estatal responsável pelo transporte e pela logística do combustível no País."

Para a procuradora da República e integrante da força-tarefa Lava Jato no MPF/PR Jerusa Burmann Viecili, "as evidências indicam que os crimes na Transpetro são a expressão do mesmo esquema político-partidário que contaminou a Petrobras e tantos outros órgãos públicos no País".

"Seus gestores também ocuparam cargos por indicação político-partidária e, seguindo a orientação dos políticos que os apadrinharam, venderam o serviço público, beneficiaram empresas e arrecadaram propinas que enriqueceram os envolvidos e financiaram campanhas eleitorais, manchando nossa democracia", afirma Jerusa.

A reportagem está tentando contato com José Antônio de Jesus e os outros citados, mas ainda não obteve retorno.

Acompanhe tudo sobre:Operação Lava JatoTranspetro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame