Jungmann terá que explicar ao Senado fala de general
O ministro da Defesa terá que explicar à comissão de Direitos Humanos sobre as declarações de um general sobre uma suposta intervenção militar no País
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 10h45.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2018 às 11h48.
Brasília — A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou nesta quarta-feira, 20, um convite ao ministro da Defesa, Raul Jungmann , para prestar esclarecimentos sobre as declarações do secretário de Economia e Finanças do Exército , general Antônio Hamilton Mourão, sobre uma suposta intervenção militar no País.
Em palestra na semana passada, que foi filmada e realizada na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, Mourão afirmou que os "companheiros do alto-comando do Exército" entendem que uma "intervenção militar" poderá ser adotada se o Judiciário "não solucionar o problema político".
A convocação do ministro foi requisitada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mas transformada em convite na reunião do colegiado na manhã desta quarta-feira. A transformação da convocação em convite foi uma sugestão do senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
"Conheço Jungmann já há muito tempo e tenho certeza que ele virá", disse o senador Paulo Paim (PT-RS), vice-presidente da comissão.
Sem punição
Na terça-feira, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, da TV Globo, o comandante do Exército brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, minimizou as declarações de Mourão e disse que ele não será punido, sob argumento de que é necessário contextualizar a fala dele, que se deu em um ambiente fechado, após ter sido provocado.
"Ele (Mourão) não fala pelo alto-comando, quem fala pelo alto-comando e pelo Exército sou eu", afirmou Villas Bôas.
No pedido, Randolfe critica a "absurda e inquietante omissão do governo, em relação a essa afronta direta à Constituição e à democracia".
"De fato, não ouve notícia, até o presente momento, de quaisquer reações do ministro da Defesa e do presidente da República, no que tange a essa grave ameaça às instituições democráticas brasileiras", diz o senador.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada na segunda-feira, Mourão afirmou que não estava "insuflando nada" ou "pregando intervenção militar" e que a interpretação das palavras dele "é livre". Ele afirmou ainda que na palestra falava no próprio nome, não no do Exército.
Oficiais-generais ouvidos pelo Estado haviam criticado a fala de Mourão, considerada "desnecessária".
Na entrevista a Bial, Villas Bôas disse que "ditadura nunca é melhor" e que é preciso entender que o regime militar (1964-1985) ocorreu em um momento com Guerra Fria e polarização ideológica.
Hoje, segundo ele, o País tem instituições amadurecidas e um sistema de peso e contrapeso que dispensa a sociedade de ser tutelada.
Ainda sobre Mourão, Villas Bôas disse que ele é "um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.