Brasil

Julgamento do mensalão não é vergonha, diz Lula

Para o ex-presidente petista, a população deve ter "orgulho" do combate à corrupção nos seus dois mandatos


	Comentário foi feito em ato pró-Haddad. Foi a primeira vez que Lula se referiu ao mensalão desde o início da campanha
 (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Comentário foi feito em ato pró-Haddad. Foi a primeira vez que Lula se referiu ao mensalão desde o início da campanha (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2012 às 07h26.

São Paulo - Em ato de campanha de Fernando Haddad com estudantes, na noite desta quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou os tucanos e disse que ninguém deve ter vergonha do julgamento do mensalão. Para Lula, a população deve ter "orgulho" do combate à corrupção nos seus dois mandatos. Foi a primeira vez que Lula se referiu ao mensalão desde o início da campanha.

"No nosso governo as pessoas são julgadas e tudo é apurado. Na nossa casa, quando nosso filho é suspeito de cometer um erro, nós investigamos e não culpamos os vizinhos, como eles costumam fazer", afirmou o ex-presidente. A reação de Lula foi provocada pela manifestação de um estudante, que causou constrangimento no início da cerimônia que reuniu bolsistas do ProUni, na Uninove, ao levantar uma faixa com a inscrição "Renovação com Mensalão? PT do Lula, PT do Haddad, tem o mensalão".

O estudante foi hostilizado pelos demais presentes e teve a faixa arrancada de suas mãos. Lula aproveitou a oportunidade para tratar da crise que atingiu o seu governo, em 2005, e tem sido usada pelo candidato do PSDB, José Serra, contra Haddad. Sem citar diretamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula citou a emenda constitucional que instituiu a reeleição no País, aprovada em 1997, e conclamou os estudantes a reagirem contra o que chamou de "mentiras".

"A gente não pode deixar de esquecer que o procurador-geral da República no tempo deles era chamado de engavetador. Vocês não podem esquecer da compra de votos em 1996 (sic) para aprovar a reeleição neste País", afirmou Lula. "Se juntarem todos os presidentes da história do Brasil, vocês vão ver que eles não criaram instituições para combater a corrupção como nós criamos em oito anos. Sintam orgulho porque, se tem uma coisa que fizemos, foi criar instrumentos para combater a corrupção."

De microfone em punho e sob aplausos, Lula prosseguiu na defesa de seu governo. "É só ver o que era a Controladoria-Geral da República, a Polícia Federal e o grau de liberdade do Ministério Público antes de nós."

Ainda sem citar nomes, o ex-presidente fez referência indireta ao PSOL ao dizer que, em 2006, a imprensa tentou inflar a candidatura de uma ex-militante do PT - a ex-senadora Heloisa Helena - e pediu a Haddad que não responda ao "jogo rasteiro" de quem tenta ligá-lo ao mensalão. "Mais uma vez, aquele senhor que ofendeu a Dilma até onde ninguém jamais tentou ofender agora está ofendendo Haddad", afirmou Lula, lembrando a disputa presidencial de 2010.

Haddad também adotou o tom crítico ao PSDB e à oposição ao governo federal petista. O candidato atacou os críticos do "bolsa-esmola" e disse que Lula promoveu uma revolução na educação. "Essa revolução não seria feita por um doutor conservador, tinha de ser feita por um operário", afirmou. Ao chamar a oposição de "xarope" por "torcer para que as coisas deem erradas", fez uma provocação ao senador tucano Aécio Neves (MG). "Se o Aécio quer ser presidente, estuda um pouquinho. Lê um livro por semana. Dá uma lidinha em Copacabana."

A plateia formada por bolsistas do ProUni, o candidato fez uma ligação entre o programa à sua passagem como chefe de gabinete da Secretaria de Finanças da gestão Marta Suplicy (2001-2004). Haddad disse que o embrião do ProUni surgiu naquela época, como um programa de desconto no ISS em troca de financiamento de bolsas universitárias, mas o projeto não vingou.

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