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Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 17h53.
São Paulo – O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu foi absolvido na tarde desta quinta-feira pelo revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Dirceu foi inocentado na acusação de corrupção ativa. Ontem, o relator Joaquim Barbosa havia condenado o petista pelo mesmo crime, que prevê pena de reclusão de 2 a 12 anos. O destino de Dirceu pode ser decidido ainda hoje, com a votação dos demais Ministros.
"Não descarto a possibilidade de ele (José Dirceu) ter sido o mentor, mas o fato é que isso não encontra ressonância nos autos", afirmou Lewandowski, defendendo que o Ministério Público não conseguiu provar o envolvimento de Dirceu como “chefe da quadrilha” do mensalão, tal qual aparece na denúncia.
Lewandowski ainda afirmou que não há provas do relacionamento estreito entre Dirceu e Marcos Valério, apesar dos dois terem se encontrado em reuniões oficiais.
“Prova testemunhal produzida em juízo evidencia que José Dirceu não cultivava nenhuma relação mais próxima com o segundo (Valério), não restando qualquer vínculo especial entre eles”, disse.
Lewandowski tratou do suposto envolvimento do petista na compra de votos no Congresso. “José Dirceu não tinha qualquer ingerência no Partido dos Trabalhadores e quem tratou da Reforma da Previdência foi Ricardo Berzoini, ministro da pasta (Previdência) à época. Isso afasta completamente a participação de José Dirceu”, afirmou o Ministro.
O Supremo já condenou políticos de quatro partidos que teriam recebido do valerioduto para votar com o governo. A Reforma da Previdência, aprovada no primeiro ano do governo Lula, estaria entre os projetos cujos votos teriam sido comprados.
Com frases como "não se apontou" e "não se logrou comprovar", o revisor desmontou, de acordo com sua interpretação, todas as acusações contra Dirceu. “Eu tenho que julgar com o que está nos autos”, defendeu.
Discordâncias
Ontem, Ricardo Lewandowski já havia divergido de Joaquim Barbosa ao absolver José Genoíno, então presidente do PT, e Rogério Tolentino, advogado sócio de Marcos Valério. Ambos condenaram Delúbio Soares.
Até o momento, relator e revisor discordaram na votação de 24 crimes relacionados aos diversos réus. Em 16 deles, a posição de Barbosa prevaleceu no entendimento do colegiado, 4 divergências ainda estão em aberto - Dirceu e Genoíno entre elas - e em 4 acusações os demais ministros concordaram, na maioria, com Lewandowski.
Com a decisão, a reação negativa a este último deve se intensificar ainda mais nas redes sociais. Ao contrário de Joaquim Barbosa, que tem sido apontado como super-herói por alguns, o revisor tem sido alvo de críticas ao absolver parte dos réus do mensalão, embora sua posição não prevaleça na maioria dos casos.