Joesley Batista: executivo já fechou um contestado acordo de delação premiada e depois foi preso por descumpri-lo (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2017 às 06h31.
Última atualização em 28 de novembro de 2017 às 07h38.
Em tese, esta terça-feira é dia decisivo na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o frigorífico JBS.
O dono da JBS, Joesley Batista, comparecerá à comissão da processadora de carnes e a do BNDES para prestar esclarecimentos sobre as tramoias do grupo J&F, controlador da companhia.
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Joesley, vale lembrar, fechou um contestado acordo de delação premiada e depois foi preso por descumpri-lo. O encontro de Joesley com parte dos parlamentares delatados está marcado para 9 horas desta terça-feira.
Não que a presença valha de muita coisa. A defesa do empresário adiantou em ofício aos membros da CPMI que ele deve permanecer calado durante a reunião.
“O exercício do direito ao silêncio é a clara posição a ser tomada diante da atual situação jurídica dos acordos de colaboração premiada”, dizem os advogados em nota.
“A decisão de manter a oitiva do ora requerente poderá acarretar elevados e desnecessários gastos públicos pela quarta vez”.
A postura não é grande surpresa: ex-presidente da JBS e irmão de Joesley, Wesley Batista, e seu parceiro Ricardo Saud também não responderam ao interrogatório de deputados e senadores.
Talvez alguma declaração interessante possa vir de Joesley se replicar a passagem de seu irmão na CPMI.
No início do mês, dia 8 de novembro, Wesley aproveitou a ocasião para um breve discurso, reclamando da insegurança jurídica das delações premiadas e de “perseguição” aos colaboradores pelas “verdades que disseram”.
“Hoje, na condição em que me encontro, descobri que é um processo imprevisível e inseguro para quem decide colaborar, mas continuo acreditando na Justiça brasileira”, disse Wesley.
“Acredito que estamos vivendo, agora, um imenso retrocesso daquilo que esperávamos ser um profundo processo de transformação do nosso país”.
E seguiu: “As delações dos últimos anos fizeram o país se olhar no espelho, mas, como ele não gostou do que viu, o resultado tem sido este: colaboradores presos e delatados soltos”.
Wesley esqueceu-se de alguns exemplos. Como lembra a coluna de Ricardo Boechat, na revista IstoÉ, Nestor Cerveró, em prisão domiciliar, poderá a partir de 24 de dezembro sair de casa nos dias úteis, entre 10h e 20h.
Na mesma data, o lobista Fernando Baiano deixará de lado a tornozeleira eletrônica. Pedro Barusco deixa a tornozeleira eletrônica no início de 2018 e, em março, poderá até viajar ao exterior. Era só cumprir o acordo.