Rodrigo Janot: Pimenta acredita que há um arquivo maior de gravações envolvendo outros políticos do PMDB e do PSDB (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de maio de 2016 às 13h49.
Brasília - O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) sugeriu nesta segunda-feira, 23, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode ser acusado de ter cometido crime de prevaricação.
Pimenta acredita que, se Janot teve acesso às gravações do ministro do Planejamento, Romero Jucá, em março deste ano, deveria ter compartilhado as informações com o restante da sociedade, em especial com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o deputado, a conversa entre Jucá e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado poderia ter mudado o resultado do processo de impeachment de Dilma Rousseff, afastada pelo Senado no último mês.
"Pode ter havido prevaricação por parte do procurador-geral da República. Se a sociedade soubesse que estava em curso um processo de chantagem isso poderia ter tido outro desdobramento. Isso deveria ter sido levado pelo menos aos ministros do STF, que votaram sem saber", comentou.
Pimenta acredita que há um arquivo maior de gravações envolvendo outros políticos do PMDB e do PSDB.
De acordo com o petista, o partido ainda está estudando quais medidas jurídicas tomar sobre o caso, mas uma das primeiras deverá ser um pedido judicial para a legenda ter acesso ao "material completo".
Pimenta fez uma comparação com o caso do ex-senador Delcídio Amaral, que foi preso acusado de obstruir as investigações da Operação Lava Jato - na época, também foi divulgada uma gravação feita às escondidas em que o então parlamentar oferecia uma mesada ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação.
"As gravações revelam algo ainda maior. O processo de impeachment foi usado como moeda de troca para oferecer proteção na Operação Lava Jato. Jucá deixou claro que a mudança de governo poderia proporcionar um acordo para acabar com o combate à corrupção. A gravação, portanto, traz fatos muito mais graves do que a do senador Delcídio Amaral", declarou Pimenta.
"Em nenhum momento na gravação Jucá fala sobre a importância do impeachment para melhorar o País, e sim para barrar as investigações e criar um fato político, que sensibilizasse vários ministros, com os quais, segundo Jucá, ele já estava conversando", disse Pimenta.
O parlamentar afirmou que "se o STF tiver o mínimo de coerência com o caso Delcídio, convocará uma sessão extraordinária e tomará alguma medida hoje mesmo".
Ele acusou também o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de chefiar uma "organização criminosa" na Câmara, que teria conduzido o processo de impeachment para tentar evitar a sua cassação, também com a participação de senadores.
O petista insinua que houve chantagem, troca de favores e compra de votos durante o impedimento de Dilma no Congresso, o que teria ficado claro com a gravação de Jucá e poderia anular todo o processo.