Janot alerta para agressividade do suposto operador de Cunha
Lúcio Funaro foi detido em São Paulo na sexta-feira, 1, na Operação Sépsis, desdobramento da Lava Jato
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2016 às 17h00.
São Paulo e Brasília - No documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal ( STF ), em que pediu a prisão do lobista Lúcio Bolonha Funaro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot , dedicou espaço para a "agressividade" do suposto operador do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Funaro foi detido em São Paulo na sexta-feira, 1, na Operação Sépsis, desdobramento da Lava Jato .
O operador de Eduardo Cunha foi citado na delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas Nelson Mello. O executivo afirmou aos procuradores que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para efetuar repasses a senadores do PMDB.
Lúcio Funaro e Milton Lyra seriam os responsáveis por distribuir o dinheiro para os senadores.
Nelson Mello afirmou que "Lúcio Funaro continuou a procurá-lo recentemente, mesmo após seu desligamento da empresa". "Não bastasse isso, procurou-o em sua casa e por meio de seu telefone residencial, apesar de o colaborador nunca ter fornecido tais dados. Também chama a atenção a agressividade de Funaro no trato com o colaborador, manifestada por termos como 'você não sabe com quem está se metendo' e 'está querendo me foder?'", anotou Janot no pedido de prisão do suposto operador de Cunha.
"Posteriormente ao acordo, Nelson Mello peticionou ao Ministério Público informando ter sido procurado, no mês de março de 2016, por Funaro e por Eduardo Cunha. Tais fatos mostram o longo alcance, inclusive temporal, e a contemporaneidade dos esquemas de Funaro", disse o procurador.
No documento, Janot destacou o que chamou de "histórico de Funaro". Segundo Janot, nenhuma medida cautelar, diferente da prisão "seria eficiente e útil para estancar suas atividades ilícitas".
"Trata-se de pessoa que tem o crime como modus vivendi e já foi beneficiado com a colaboração premiada, um dos maiores incentivos que a Justiça pode conceder a um criminoso, a fim de que abandone as práticas ilícitas. No entanto, prosseguiu delinquindo, mesmo após receber o beneficio", anotou.
"Cuida-se de verdadeira traição ao voto de confiança dado a ele pela Justiça brasileira", relatou Janot, referindo-se à delação premiada de Funaro no processo do Mensalão.
"Pessoas que vivem de práticas reiteradas e habituais de crimes graves, sem qualquer freio inibitório, colocam em risco, concretamente, a ordem pública."
O procurador citou, no pedido, o empresário Milton Schahin. Funaro e o executivo teriam brigado por causa da construção da Pequena Usina Hidrelétrica (PCH) de Apertadinho.
A Cebel, de Funaro, havia contratado os serviços da Schahin Engenharia. Em 9 de janeiro de 2008, a barragem da hidrelétrica se rompeu "causando diversos danos ambientais e sociais". O acidente iniciou-se uma guerra declarada entre a Cebel e a Schahin Engenharia.
Janot afirma que "a ousadia de Funaro é conhecida no meio em que circula e ficaram ainda mais evidentes no episódio narrado acima em que ameaçou de morte um idoso de mais de 80 anos (Milton Schahin) em razão de disputa econômica".
"Ora, se Funaro é capaz de ameaçar de morte um ancião em razão de disputas comerciais, não há dúvidas de que não se rogará a prejudicar a investigação sobre os fatos que o incriminam", afirmou Janot.
"A prisão preventiva, em relação a Lúcio Bolonha Funaro, é medida que se impõe. De fato, não é de se imaginar que Funaro, cujos antecedentes criminais começam em 1996, somam mais de dez ocorrências entre inquéritos e processos, passam por um descumprimento de acordo de colaboração premiada e chegam aos dias de hoje (como prova o depoimento de Nelson Mello), interromperá espontaneamente a carreira delitiva."
São Paulo e Brasília - No documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal ( STF ), em que pediu a prisão do lobista Lúcio Bolonha Funaro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot , dedicou espaço para a "agressividade" do suposto operador do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Funaro foi detido em São Paulo na sexta-feira, 1, na Operação Sépsis, desdobramento da Lava Jato .
O operador de Eduardo Cunha foi citado na delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas Nelson Mello. O executivo afirmou aos procuradores que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para efetuar repasses a senadores do PMDB.
Lúcio Funaro e Milton Lyra seriam os responsáveis por distribuir o dinheiro para os senadores.
Nelson Mello afirmou que "Lúcio Funaro continuou a procurá-lo recentemente, mesmo após seu desligamento da empresa". "Não bastasse isso, procurou-o em sua casa e por meio de seu telefone residencial, apesar de o colaborador nunca ter fornecido tais dados. Também chama a atenção a agressividade de Funaro no trato com o colaborador, manifestada por termos como 'você não sabe com quem está se metendo' e 'está querendo me foder?'", anotou Janot no pedido de prisão do suposto operador de Cunha.
"Posteriormente ao acordo, Nelson Mello peticionou ao Ministério Público informando ter sido procurado, no mês de março de 2016, por Funaro e por Eduardo Cunha. Tais fatos mostram o longo alcance, inclusive temporal, e a contemporaneidade dos esquemas de Funaro", disse o procurador.
No documento, Janot destacou o que chamou de "histórico de Funaro". Segundo Janot, nenhuma medida cautelar, diferente da prisão "seria eficiente e útil para estancar suas atividades ilícitas".
"Trata-se de pessoa que tem o crime como modus vivendi e já foi beneficiado com a colaboração premiada, um dos maiores incentivos que a Justiça pode conceder a um criminoso, a fim de que abandone as práticas ilícitas. No entanto, prosseguiu delinquindo, mesmo após receber o beneficio", anotou.
"Cuida-se de verdadeira traição ao voto de confiança dado a ele pela Justiça brasileira", relatou Janot, referindo-se à delação premiada de Funaro no processo do Mensalão.
"Pessoas que vivem de práticas reiteradas e habituais de crimes graves, sem qualquer freio inibitório, colocam em risco, concretamente, a ordem pública."
O procurador citou, no pedido, o empresário Milton Schahin. Funaro e o executivo teriam brigado por causa da construção da Pequena Usina Hidrelétrica (PCH) de Apertadinho.
A Cebel, de Funaro, havia contratado os serviços da Schahin Engenharia. Em 9 de janeiro de 2008, a barragem da hidrelétrica se rompeu "causando diversos danos ambientais e sociais". O acidente iniciou-se uma guerra declarada entre a Cebel e a Schahin Engenharia.
Janot afirma que "a ousadia de Funaro é conhecida no meio em que circula e ficaram ainda mais evidentes no episódio narrado acima em que ameaçou de morte um idoso de mais de 80 anos (Milton Schahin) em razão de disputa econômica".
"Ora, se Funaro é capaz de ameaçar de morte um ancião em razão de disputas comerciais, não há dúvidas de que não se rogará a prejudicar a investigação sobre os fatos que o incriminam", afirmou Janot.
"A prisão preventiva, em relação a Lúcio Bolonha Funaro, é medida que se impõe. De fato, não é de se imaginar que Funaro, cujos antecedentes criminais começam em 1996, somam mais de dez ocorrências entre inquéritos e processos, passam por um descumprimento de acordo de colaboração premiada e chegam aos dias de hoje (como prova o depoimento de Nelson Mello), interromperá espontaneamente a carreira delitiva."