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Janot: advogado ligado a Renan e Jucá tentou atrapalhar delação

Segundo Janot, os senadores se reaproximaram de Joesley depois de uma "contrainformação" de que não haveria delação combinada com membros do MPF

Renan e Jucá: Rodrigo Janot destacou que os senadores se afastaram do empresário quando souberam da possibilidade de delação (Antonio Cruz/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de maio de 2017 às 16h06.

Última atualização em 19 de maio de 2017 às 16h10.

Brasília - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot , relatou ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o advogado Willer Tomaz atuou "possivelmente" em benefício dos senadores do PMDB Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), para impedir o processo de delação premiada do dono da JBS, Joesley Batista.

"O advogado Willer Tomaz, com possível ajuda do procurador da República, Ângelo Goulart Vilella, estava tentando atrapalhar o processo de colaboração premiada ora em curso, com o escopo, possivelmente de proteger amigos políticos integrantes do PMDB", destaca Janot no pedido de abertura de inquérito.

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Citando um depoimento inicial de Joesley, que buscava uma colaboração "voluntária", Rodrigo Janot destacou que os senadores se afastaram do empresário quando souberam da possibilidade de delação.

"Joesley Mendonça Batista menciona, por exemplo, que percebeu um afastamento de Renan Calheiros e Romero Jucá quando surgiram notícias de que uma colaboração estava em curso, período que coincide com o contato do advogado Willer Tomaz reclamando acerca de possíveis tratativas de colaboração", relatou o procurador.

Ainda segundo Janot, Renan e Jucá se reaproximaram de Joesley depois de uma "contrainformação" de que não haveria delação premiada combinada com membros do Ministério Público Federal.

O relato de Rodrigo Janot a Fachin integra o pedido de abertura de inquérito no STF de Joesley, do procurador da República Ângelo Goulart Vilella e do advogado Willer Tomaz por suposta tentativa de obstruir os trabalhos da Justiça.

A Lei da Organização Criminosa, de 2013, citada pelo procurador, prevê pena de três a oito anos de prisão.

O procurador também pede investigação contra os envolvidos por corrupção ativa e passiva, crimes com pena previstas pelo Código Penal de dois a 12 anos de reclusão.

O procurador justificou o pedido de abertura de inquérito de Joesley, do procurador e do advogado no STF pelo fato de os senadores do PMDB, citados pelo dono da JBS, terem foro privilegiado.

Janot pondera que não há, ainda, elementos para pedir uma abertura de inquérito contra Renan e Jucá, mas que esse "caminho" já está sendo "vislumbrado".

Rodrigo Janot relatou a Fachin que Joesley, nas conversas iniciais de delação, disse ter contratado o advogado Willer Tomaz por "serviços" a seu favor no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desde o ano passado esquema de corrupção na área de fundos de pensão.

Tomaz, segundo Janot, receberia de Joesley R$ 8 milhões pelo arquivamento do inquérito contra o empresário e ficou responsável de pagamentos de "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês ao procurador Ângelo Goulart Vilella. Joesley, de acordo com Janot, disse que recebeu de Tomaz documentos de "acesso restrito".

Janot também ressalta que compete ao STF investigar outras duas autoridades citadas nas conversas iniciais do advogado, o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O pedido de abertura de inquérito inclui dois áudios repassados por Joesley de conversas com Temer, no Palácio do Jaburu, e com Aécio, num hotel em São Paulo.

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