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Itamaraty ameaçou expulsar Roger Pinto se fosse ao Congresso

Em frente ao juiz, o senador boliviano voltou a negar as acusações de corrupção que pesam contra ele em seu país

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2013 às 20h04.

Brasília - O governo brasileiro "ameaçou expulsar" o senador boliviano Roger Pinto caso comparecesse semana passada ao Congresso, onde queria dar sua versão sobre a "perseguição" que alega sofrer na Bolívia, afirmou nesta quarta-feira seu advogado, Fernando Tibúrcio.

O advogado e o senador, que ficou mais de um ano asilado na embaixada brasileira em La Paz e conseguiu fugir de seu país no último dia 23 com a ajuda de um diplomata brasileiro sem o necessário salvo-conduto, depuseram a favor do ex-encarregado de negócios da delegação brasileira, Eduardo Saboia, que perdeu o cargo depois do episódio.

O comparecimento de seu cliente no Congresso, previsto para o último dia 3, foi suspenso depois que o secretário-geral do Itamaraty, Eduardo Santos, chamou o advogado para alertá-lo que Roger Pinto seria "expulso" do país caso comparecesse.

Quando entrou no Brasil, Roger Pinto apresentou um pedido de refúgio para a Comissão Nacional de Refugiados (Conare), organismo vinculado ao Ministério da Justiça, que ainda não se pronunciou sobre essa solicitação. Se o pedido for aceito impedirá o senador de fazer declarações políticas, pois isso poderia custar esse status.

Em frente ao juiz, Roger Pinto voltou a negar as acusações de corrupção que pesam contra ele na Bolívia e as atribuiu a uma "perseguição" por sua ativa oposição ao presidente Evo Morales.

Ele também confirmou que foi ajudado por Saboia, que "entendeu que depois de mais de um ano" na embaixada sua saúde se deteriorava e sua vida "estava em perigo".

Saboia está submetido a um processo disciplinar no Ministério das Relações Exteriores pela colaboração dada no caso. Sua declaração e a do senador foram usadas por sua defesa para reforçar suas alegações.


Na audiência Saboia reiterou que ajudou Roger Pinto por "razões humanitárias", pois o senador estava refugiado na embaixada desde 28 de maio do ano passado e "não tinha nenhuma perspectiva" de obter o salvo-conduto.

O diplomata admitiu ter colocado à disposição do senador um carro diplomático e uma escolta de soldados da embaixada, que transferiram Roger Pinto até Corumbá, próximo à fronteira entre os países, em uma viagem que durou cerca de 22 horas.

A saída de Roger Pinto, considerada pela Bolívia uma fuga provocou um conflito diplomático entre os países, superado há dez dias depois de uma reunião entre o presidente Evo Morales e a presidente Dilma durante a última Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

O caso também levou à saída do chanceler brasileiro Antônio Patriota da chefia do Itamaraty, sendo substituído dia 28 de agosto por Luiz Alberto Figueiredo.

Pinto responde a cinco processos na justiça boliviana por corrupção e em um deles já foi condenado a um ano de prisão, razões usadas pelo governo boliviano para negar o salvo-conduto.

Na semana passada, três ministros do governo boliviano fizeram uma visita a Brasília e entregaram ao Ministério da Justiça e ao Conare volumosa documentação sobre esses processos.

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