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Brasil abre escritório em Jerusalém, mas não fala em mudança de embaixada

Anúncio foi feito por Bolsonaro neste domingo (31), em Israel; para premiê israelense, esse é o 1º passo para a saída da Embaixada do Brasil de Tel Aviv

Bolsonaro e Netanyahu: Bolsonaro não descartou totalmente a transferência da embaixada ao lembrar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levou nove meses para tomar a decisão final (Ronen Zvulun/Reuters)

Bolsonaro e Netanyahu: Bolsonaro não descartou totalmente a transferência da embaixada ao lembrar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levou nove meses para tomar a decisão final (Ronen Zvulun/Reuters)

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Reuters

Publicado em 31 de março de 2019 às 12h18.

Última atualização em 31 de março de 2019 às 18h16.

Jerusalém - No primeiro dia da visita a Israel, o presidente Jair Bolsonaro anunciou neste domingo (31) a criação de um escritório de representação comercial em Jerusalém. Ao lado do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, Bolsonaro detalhou que o escritório será responsável pelas áreas de ciência, tecnologia e inovação e negócios.

Bolsonaro destacou a parceria entre as duas nações, que classificou como um "casamento". "Eu disse antes de ser candidato: olha o que Israel não tem e o que é; e olha o que o Brasil tem e não é. Esse nosso casamento no dia de hoje vai trazer benefícios aos nossos povos", ressaltou.

Netanyahu também assinalou a importância da iniciativa. Para ele, pode ser um primeiro passo para a transferência da Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. "Eu espero, quem sabe, um dia chegue a Embaixada do Brasil a Jerusalém."

Durante a entrevista coletiva Bolsonaro brincou que Netanyahu escolheu o nome do seu filho Yair em sua homenagem em alusão a Jair.

Informações desencontradas

O anúncio oficial da abertura do escritório de negócios brasileiro em Jerusalém foi marcado por informações desencontradas e incertezas sobre o status da representação e o impacto que ela terá no eleitorado evangélico. Após o anúncio, nenhum dos membros da comitiva conseguiu garantir se se tratava de uma parte da embaixada ou mesmo se terá um status similar. Horas depois, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Santana do Rêgo Barros esclareceu que o estabelecimento “não tem status diplomático”, afirmou. “Vai tratar das questões de comércio, ciência e tecnologia como foi apresentado a vocês pela declaração”, continuou.

Mais cedo, membros do governo pareciam não saber do anúncio. À tarde em Israel (manhã no Brasil), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, havia descartado qualquer anúncio neste domingo. “Não está planejado declarar ainda”, afirmou.

No início da tarde, foi enviada uma mensagem aos jornalistas brasileiros que cobrem a visita da comitiva presidencial a Israel informando que o anúncio seria feito por meio de uma declaração conjunta de Bolsonaro e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. Inicialmente, o texto dizia que o escritório seria instalado como “parte da embaixada” do Brasil em Israel, que fica em Tel-Aviv. Minutos depois, o comunicado foi alterado sem esse trecho.

Ao anunciar a abertura do escritório, Bolsonaro não fez referências à embaixada e disse que a estrutura será voltada para as áreas de ciência, tecnologia e inovação. A decisão teria sido tomada pouco antes com Augusto Heleno. Para Netanyahu, no entanto, o recado foi claro: a abertura do escritório é o primeiro passo para a transferência da Embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém. Essa foi uma das promessas de campanha de Bolsonaro e claramente voltada para seu eleitorado evangélico. Há muitas dúvidas, no entanto, sobre se a decisão do escritório poderia agradar a parte desses eleitores sem desagradar aos que são contrários à transferência. Mais recentemente, Bolsonaro disse que não havia pressa na decisão e citou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apenas a tomou nove meses após a posse do cargo.

Parcerias

Entre os cinco acordos e um memorando de entendimento assinados, Bolsonaro ressaltou parcerias na área de aquicultura (atividade de criação de peixes).

"Queremos fazer com que o Brasil também se desenvolva nessa área da piscicultura. Muito obrigado por ter aceitado a proposta [apresentada pelo governo brasileiro]", afirmou o presidente.

Bolsonaro agradeceu o apoio dado por uma brigada israelense nas buscas de vítimas em Brumadinho (MG), após o rompimento da barragem Córrego Mina do Feijão, no qual morreram 217 pessoas e 87 estão desaparecidas. A equipe de 136 militares de Israel passou dias na região e atuou conjuntamente com o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e outros órgãos envolvidos nas buscas.

Agenda

Na segunda-feira (1º), o presidente visitará a Unidade de Contra-Terrorismo da Polícia israelense, e participará da cerimônia de condecoração da Insígnia da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul à Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel.

Na terça-feira (2), o presidente recebe CEOs de empresas israelenses e israelenses-brasileiras, participa de encontro empresarial Brasil-Israel e almoça com os empresários. A previsão é de que o presidente retorne ao Brasil na quarta-feira (3).

 

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