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Para paulistano, União ajuda mais que prefeitura

Pesquisa feita na capital paulista mostrou também que nota média dos setores da cidade é de 5,5

Os temas ligados a administração pública tiveram as menores notas no levantamento (Mário Rodrigues/Veja SP)

Os temas ligados a administração pública tiveram as menores notas no levantamento (Mário Rodrigues/Veja SP)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2011 às 14h59.

Pesquisa da Rede Nossa São Paulo sobre bem-estar na cidade de São Paulo, divulgada hoje, mostra a falta de credibilidade da maioria dos moradores da capital paulista com a prefeitura e os políticos. Conforme os Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), 47% dizem confiar na administração municipal, 40% no Tribunal de Contas do Município (TCM) e 36% na Câmara Municipal.

Em resposta à pergunta sobre qual é a instituição que mais contribui para a melhora de vida da população, 21% dos moradores citaram o governo federal, enquanto o Poder Executivo municipal foi lembrado por apenas 10%, atrás dos 12% que responderam a "Igreja".

Embora os dados revelem uma leve melhora na confiabilidade do Executivo municipal - na sondagem anterior, de dezembro de 2009, só 38% disseram ter confiança na prefeitura, 32% no TCM e 24% na Câmara -, o tema "Transparência e participação política" foi o que teve a menor média de satisfação em toda pesquisa: 3,5. A média do indicador, que aborda 25 temas entre saúde, educação, habitação, sexualidade, transporte e meio ambiente, entre outros foi de 5,5.

Os entrevistados avaliaram as áreas com notas de 1 (totalmente insatisfeito) a 10 (totalmente satisfeito). Presente no evento de divulgação da pesquisa, o presidente da Câmara, José Police Neto (PSDB), atribuiu a melhor avaliação da administração federal ante a municipal a uma questão de "marca". Para Police Neto, a população vê o Poder Executivo federal ligado a assuntos da economia e do consumo, enquanto as questões relativas a saúde ensino e moradia seriam imputadas ao município.

"Existe uma presença muito grande do governo federal com uma marca, que está muito presente na nossa vida em oito anos", afirma. "A população sabe que o problema dela não será resolvido pelo governo federal, portanto não o demanda. Ela sabe que, por exemplo, se mora numa favela, tem de recorrer ao prefeito, que, muitas vezes, mostra incapacidade de resolver. Ela não busca o governo federal para resolver os problemas crônicos que a cidade tem", completa.

No entanto, a justificativa dele foi rebatida pelo frade dominicano e escritor Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto. Para Frei Betto, que foi assessor durante o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva, "não há melhoria do serviço público na cidade". "Não é uma questão de marketing, mas sim de dado real. Tem uma parcela considerável da população que saiu da miséria e que agora tem maior poder de consumo", diz.

"Ninguém vai acreditar que o metrô é suficiente para atender a população de São Paulo, que os ônibus da cidade têm qualidade ou número de veículos, suficientes para atender a demanda das linhas", acrescentou. Ele afirmou ainda que não existe em São Paulo um trabalho conjunto entre prefeitura e Câmara Municipal para construir uma cidade que proporcione melhor qualidade de vida a toda população. "O problema é que existe uma concepção eleitoralista por trás de muitos vereadores, que fazem o pontual que lhes garanta a permanência no poder", afirma.

Insatisfação

Dentro das 25 áreas consultadas no Irbem, o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), que realizou a pesquisa, abordou um total de 169 indicadores - no tema sexualidade, por exemplo, foram oito. Apenas 40 índices ficaram acima da média de 5,5 da sondagem, ou 24% (no levantamento de 2009, eram 33), enquanto 124, ou 73%, permaneceram abaixo dela. Cinco itens ficaram exatamente na média.

O indicador com menor índice de satisfação em 2010 foi "Honestidade dos governantes", que recebeu a média de 2,7. Os quatro índices com menor nível de satisfação estão ligados à administração pública: "Punição à corrupção" (média de 3); "Transparência dos gastos e investimentos públicos" (média 3), e "Acompanhamento das ações dos políticos eleitos" (3,1), além da honestidade dos políticos.

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