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Invasão no Carandiru foi necessária, diz ex-secretário

Segundo o secretário de Segurança Pública na época, Pedro Franco de Campo, a invasão justifica-se em razão do “gigantismo” da rebelião

Segunda etapa do julgamento do massacre do Carandiru: Pedro Franco de Campos destacou também que o governo temia que a rebelião afetasse a cidade, já que Carandiru estava incrustado na capital paulista. (Marcelo Camargo/ABr)

Segunda etapa do julgamento do massacre do Carandiru: Pedro Franco de Campos destacou também que o governo temia que a rebelião afetasse a cidade, já que Carandiru estava incrustado na capital paulista. (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2013 às 13h04.

São Paulo – Após ouvir testemunha protegida, o Tribunal do Júri que julga nesta manhã o Massacre do Carandiru colheu o depoimento do secretário de Segurança Pública na época, Pedro Franco de Campos. Ele reiterou a necessidade da entrada da polícia militar no Pavilhão 9 da antiga casa de detenção, em razão do “gigantismo” da rebelião e do perigo de que ela se espalhasse para os outros pavilhões, onde estavam mais de 7 mil presos.

Ele destacou também que o governo temia que a rebelião afetasse a cidade, já que Carandiru estava incrustado na capital paulista. O ex-secretário relatou que, em contato por telefone com o coronel Ubiratan Guimarães, percebeu a necessidade do ingresso da PM. “O coronel Ubiratan usou a expressão 'caótica' e eu constatei que era mesmo necessária a intervenção da PM”. “No contato com o Ubiratan, eu disse o seguinte: se houver necessidade de a PM entrar, o senhor tem autorização”, acrescentou.

Sobre a decisão da entrada da polícia no presídio, ele também declarou que isso ocorreu após conversas com desembargadores e diretores. “Todos chegaram ao consenso de [que havia necessidade de] intervenção”, disse ele.

Após ação da polícia no Pavilhão 9, os números a respeito de mortes começaram a chegar desencontrados, conforme relatou Pedro. “Começaram a chegar os resultados de que havia mortos e policiais feridos. Aí, começaram a chegar histórias de uma forma difusa, de que o Ubiratan tinha sofrido acidente no presídio”, disse.


Questionado pela promotoria sobre se, no caso de excessos pela polícia, os magistrados da época poderiam coibir o movimento. Em resposta, Pedro disse apenas que os juízes não entraram junto com a PM. “Não houve prevaricação de juiz nenhum, não houve nenhuma irregularidade por parte deles”, declarou.

O julgamento de hoje faz parte da uma segunda etapa. Todo o processo foi separado em quatro partes, divididas pelas ações policiais referentes a cada um dos quatro andares do Pavilhão 9. Nesta segunda fase, são julgados 26 policiais militares acusados pela morte de 73 detentos no terceiro pavimento (que corresponde ao segundo andar).

O Massacre do Carandiru ficou conhecido como o maior massacre do sistema penitenciário brasileiro. No dia 2 de outubro de 1992, policiais entraram no Pavilhão 9 do presído para reprimir uma rebelião. A ação resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos.

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