Inflação ultrapassará teto da meta no 3º tri de 2011, prevê Barclays
Economista Marcelo Salomon diz que BC ainda terá de compensar excesso de gastos públicos
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 16h12.
São Paulo - O relatório trimestral de mercados emergentes do Barclays Capital traz, no capítulo sobre o Brasil, preocupações com a política fiscal no governo Dilma. “Embora a futura equipe econômica tenha dado alguns sinais de aperto nos gastos, o ajuste não deve ser suficiente. A política monetária vai ter de continuar compensando a política fiscal”, diz Marcelo Salomon, economista-chefe de Brasil da instituição, em entrevista a EXAME.com direto de Nova York.
O governo Dilma, salienta o economista, ainda tem mais perguntas do que respostas. “Qual será a estratégia que o governo vai adotar para o financiamento da infraestrutura necessária para a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos?”
Salomon avalia que Alexandre Tombini tem toda a capacidade para comandar o Banco Central. “A dúvida é se será aquele Banco Central mais rigoroso, de dois anos atrás, ou esse Banco Central mais recente.”
O ambiente inflacionário em 2011 também é delicado (veja quadro abaixo com as principais previsões da instituição para o Brasil). Segundo o Barclays, o IPCA acumulado em 12 meses chegará a 6,9% no terceiro trimestre, rompendo o teto da meta (6,5%), mas fechando o ano em 6,3%. “O nosso cenário pressupõe três altas de meio ponto percentual da Selic a partir de março.” Em 2012, a inflação voltaria a 5,5%, patamar que ainda é superior ao centro da meta (4,5%).
Emergentes
Salomon acredita que os preços das commodities terão uma alta mais moderada no ano que vem, mas descarta queda. “A China vai crescer 9,3% em 2011 e 9,2% no ano seguinte, garantindo a demanda.”
O cenário internacional é “problemático”, na visão do Barclays. A Europa terá um crescimento muito pequeno e os governos terão de agir para evitar contágio dos problemas registrados no sul da região.
Os países emergentes, por outro lado, representam as grandes oportunidades para os investidores. “As políticas monetárias continuarão relaxadas nos países ricos e o apetite por risco permanecerá elevado. Nesse contexto, os investidores vão procurar locais com crescimento mais forte”, diz Salomon, se referindo aos emergentes.
Brasil | 2011 | 2012 |
PIB | 4,5% | 4,4% |
IPCA | 6,3% | 5,5% |
Selic | 12,25% | não divulgou |
Dólar | R$ 1,65 | R$ 1,71 |
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