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Indústria e bancos se prepararam para nova alta do real

Medida para frear a valorização virá ainda no governo Lula, diz economista

Para economista, moeda americana cotada a 1,50 real seria letal para a indústria brasileira
DR

Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2010 às 21h21.

São Paulo - O anúncio de uma nova compra de títulos do Tesouro pelo banco central americano, o Federal Reserve (Fed), aumenta nos países emergentes a chance de forte valorização de suas moedas. Os 600 bilhões de dólares que serão injetados na economia nos próximos oito meses (de acordo com o anúncio feito na tarde desta quarta-feira), com o objetivo de estimular o consumo dos americanos, poderão fazer com que o real se valorize ainda mais frente ao dólar.

Para combater esse mal, empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) têm se reunido constantemente com membros do governo para elaborar um plano de proteção à indústria. Segundo o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, haverá ainda em 2010 uma ação em conjunta do governo brasileiro com o empresariado para sanar o problema cambial no Brasil.

“Não posso dizer o que está sendo planejado, pois o efeito surpresa é necessário. É absurdo o mercado financeiro achar que nada pode ser feito no curto prazo para frear a valorização do real”, afirma o economista.

A alta da moeda gera incertezas tanto para a indústria, como também para o mercado financeiro. A primeira está submetida à baixa competitividade dos produtos manufaturados nacionais causada pela valorização cambial. Já o mercado pode enfrentar uma queda de investimentos de curto e longo prazo, ocasionada pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na compra de títulos de renda fixa por investidores estrangeiros. O imposto subiu de 2% para 6% em apenas um mês.

De acordo com Giannetti da Fonseca, o Ministro da Fazenda Guido Mantega já se deu conta de que aumentar a tributação não afetará a sede dos investidores pelo mercado brasileiro - e que o governo tomará providências que nada têm a ver com novos impostos.

Mas mudar completamente a política monetária é uma opção descartada pelo governo. Dilma Rousseff negou, durante entrevista coletiva, qualquer possibilidade de estabelecer câmbio fixo no Brasil. “Um dólar ainda mais desvalorizado, a 1,50 real, seria impensável para a indústria brasileira hoje. Mas a medida para mudar isso já irá sair”, prevê.

Ineficácia nos EUA

O segundo programa de ‘afrouxamento quantitativo’ (ou quantitative easing) – jargão que ilustra a atitude do governo de injetar dólar na economia – não deverá acelerar a recuperação econômica dos EUA, segundo economistas ouvidos pelo site de VEJA.

Apesar de o governo americano alegar que tal medida é a única forma de resgatar o país de um novo colapso, os 600 bilhões de dólares são considerados insuficientes para fazer girar uma economia que possui 50 trilhões de dólares em ativos. “Por mais que o consumo aumente, esse valor ainda é muito pequeno se comparado à totalidade de ativos da economia dos EUA. O efeito não deve ser muito representativo”, afirma o economista do banco Itaú Unibanco, Roberto de Almeida Prado.

Uma alternativa que feriria menos o mercado externo e poderia ser mais eficaz seria aumentar o déficit público americano (que deve alcançar a cifra de 9% do PIB em 2011). No entanto, diante do resultado das últimas eleições do Congresso americano e a maioria conseguida pelos republicanos na Câmara de Deputados, dificilmente um aumento do déficit (para estimular o consumo) proposto pela gestão de Obama seria aprovado. “Se isso acontecesse, o custo recairia mais sobre a economia americana do que sobre o resto do mundo”, avalia Prado.

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Para combater esse mal, empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) têm se reunido constantemente com membros do governo para elaborar um plano de proteção à indústria. Segundo o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, haverá ainda em 2010 uma ação em conjunta do governo brasileiro com o empresariado para sanar o problema cambial no Brasil.

“Não posso dizer o que está sendo planejado, pois o efeito surpresa é necessário. É absurdo o mercado financeiro achar que nada pode ser feito no curto prazo para frear a valorização do real”, afirma o economista.

A alta da moeda gera incertezas tanto para a indústria, como também para o mercado financeiro. A primeira está submetida à baixa competitividade dos produtos manufaturados nacionais causada pela valorização cambial. Já o mercado pode enfrentar uma queda de investimentos de curto e longo prazo, ocasionada pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na compra de títulos de renda fixa por investidores estrangeiros. O imposto subiu de 2% para 6% em apenas um mês.

De acordo com Giannetti da Fonseca, o Ministro da Fazenda Guido Mantega já se deu conta de que aumentar a tributação não afetará a sede dos investidores pelo mercado brasileiro - e que o governo tomará providências que nada têm a ver com novos impostos.

Mas mudar completamente a política monetária é uma opção descartada pelo governo. Dilma Rousseff negou, durante entrevista coletiva, qualquer possibilidade de estabelecer câmbio fixo no Brasil. “Um dólar ainda mais desvalorizado, a 1,50 real, seria impensável para a indústria brasileira hoje. Mas a medida para mudar isso já irá sair”, prevê.

Ineficácia nos EUA

O segundo programa de ‘afrouxamento quantitativo’ (ou quantitative easing) – jargão que ilustra a atitude do governo de injetar dólar na economia – não deverá acelerar a recuperação econômica dos EUA, segundo economistas ouvidos pelo site de VEJA.

Apesar de o governo americano alegar que tal medida é a única forma de resgatar o país de um novo colapso, os 600 bilhões de dólares são considerados insuficientes para fazer girar uma economia que possui 50 trilhões de dólares em ativos. “Por mais que o consumo aumente, esse valor ainda é muito pequeno se comparado à totalidade de ativos da economia dos EUA. O efeito não deve ser muito representativo”, afirma o economista do banco Itaú Unibanco, Roberto de Almeida Prado.

Uma alternativa que feriria menos o mercado externo e poderia ser mais eficaz seria aumentar o déficit público americano (que deve alcançar a cifra de 9% do PIB em 2011). No entanto, diante do resultado das últimas eleições do Congresso americano e a maioria conseguida pelos republicanos na Câmara de Deputados, dificilmente um aumento do déficit (para estimular o consumo) proposto pela gestão de Obama seria aprovado. “Se isso acontecesse, o custo recairia mais sobre a economia americana do que sobre o resto do mundo”, avalia Prado.

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