Inadimplência do consumidor crescerá em 2011, prevê LCA
Acomodação do mercado de trabalho deve dificultar pagamento de dívidas
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2010 às 14h37.
São Paulo - A inadimplência das pessoas físicas no patamar de 6% - o menor nível desde junho de 2005 - deve subir nos próximos meses por causa da acomodação do mercado de trabalho.
A previsão é do economista da LCA Consultores Douglas Uemura, que participou nesta segunda-feira (29) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.
“Com o desaquecimento da economia, a gente espera que o mercado de trabalho mostre uma acomodação - tanto as contratações como os reajustes salariais -, levando a uma tendência de elevação da inadimplência ao longo de 2011.”
Uemura explica que, embora o estoque de dívida das famílias esteja se elevando, os prazos têm se alongado, permitindo que o comprometimento da renda com o pagamento de juros e do principal não cresça muito. “É uma fator para ficar alerta, mas a gente não verifica um quadro de crescimento explosivo do endividamento do consumidor.”
O cenário para as pessoas jurídicas é bem diferente do observado em relação aos consumidores. Segundo a LCA, o crédito para as empresas ainda não retomou o patamar pré-crise, mas a tendência é positiva, com mais empréstimos e inadimplência em queda.
O estoque de crédito avançou, em outubro, pelo sexto mês consecutivo, atingindo 47,2%. “Se você comparar com vários países desenvolvidos, o percentual ainda é baixo. Mas, com certeza, houve um avanço significativo nos últimos anos. O crédito imobiliário ainda tem muito espaço para crescer. No Brasil, ele é de apenas 3,7% do PIB enquanto nos Estados Unidos chega a 100%”, diz Uemura.
Na entrevista (para ouvir, clique na imagem ao lado), o economista da LCA Consultores analisa a liderança dos bancos públicos na concessão de crédito no período pós-crise, a recente alta dos juros ao consumidor e o impacto que um eventual aperto monetário terá na oferta de crédito em 2011.