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IBGE reduz ritmo, mas mantém operações do censo em terras yanomami

Coleta de dados foi suspensa em áreas de garimpo onde a polícia atua

IBGE: algumas equipes seguem trabalhando em áreas que têm acesso por rio ou por terra e naquelas onde não estão ocorrendo operações policiais (Fernando Frazão/Agência Brasil)

IBGE: algumas equipes seguem trabalhando em áreas que têm acesso por rio ou por terra e naquelas onde não estão ocorrendo operações policiais (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Agência de notícias

Publicado em 16 de fevereiro de 2023 às 09h36.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reduziu o ritmo das operações na terra indígena Yanomami devido às ações policiais e de emergência humanitária. No entanto, os trabalhos não foram completamente suspensos, de acordo com a assessoria de imprensa do IBGE.

Algumas equipes seguem trabalhando em áreas que têm acesso por rio ou por terra e naquelas onde não estão ocorrendo operações policiais.

Por outro lado, a coleta foi suspensa nas áreas de garimpo, onde os policiais estão atuando, devido ao risco para os recenseadores. O mesmo aconteceu nas áreas acessíveis apenas por meio de aeronaves, por causa da prioridade dada ao uso desses equipamento para o trabalho humanitário de remoções e suprimento de material para a terra Yanomami.

Um dos funcionários que continua trabalhando no território é Tony Gino Rodrigues, indígena da etnia macuxi que atuou por 12 anos como agente de saúde na Terra Yanomami.

Ele trabalha não apenas como recenseador, mas também como guia de outros profissionais, já que conhece a floresta.

"Faz uma semana que cheguei do Surucucu. Fui até Kataroa fazer o recenseamento, acompanhando uma recenseadora, como guia. Nós conseguimos fazer todo o recenseamento daquela localidade. A gente ficou mais cauteloso [desde o início da operaçã de expulsão dos garimpeiros], mas não podemos frear uma estatística que é fundamental para o Brasil", disse Rodrigues.

Apoio de militares

Na última terça-feira (14), depois de uma reunião com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, anunciou que as Forças Armadas iniciarão, no dia 6 de março, ação logística especial para auxiliar a realização do censo nas terras Yanomami.

“Nós iremos fazer o planejamento para ver a melhor forma de atender a essa importante demanda, empregando os meios logísticos de transporte das Forças Armadas”, disse José Múcio, que deve se reunir com a presidência do IBGE para acertar os detalhes da ação.

De acordo com o instituto, pouco mais de 50% dos setores censitários já foram concluídos.

Indígenas Yanomami com alta hospitalar voltam para o território

Um grupo de dez indígenas recebeu alta hospitalar em Boa Vista e retornou para o território Yanomami, na região oeste de Roraima. A informação consta no boletim diário atualizado nesta quarta-feira (15) pelo Centro de Operações de Emergências (COE), do governo federal. Segundo o informe, outros 62 indígenas também já tiveram alta, mas ainda aguardam disponibilidade e voos para retornar às suas terras. Ao todo, já foram concedidas 153 altas hospitalares, mas o COE não detalhou quantas dessas pessoas conseguiram retornar para a terra indígena.

A população Yanomami vive uma crise humanitária grave. Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras, os indígenas dessa região convivem com destruição ambiental, contaminação da água, propagação de doenças e violência. A situação é histórica, mas se agravou nos últimos quatro anos. Um dos principais pontos de apoio na capital roraimense, a Casa de Saúde Indígena (Casai), ainda está superlotada. São 719 pessoas no local, entre pacientes em tratamento e seus acompanhantes. A Casai, no entanto, tem capacidade para menos de 300 pessoas. O governo federal anunciou reformas na infraestrutura da unidade, como troca de telhas das malocas e a construção de sete novos banheiros.

Na terra indígena, por outro lado, serão definidos quatro locais para a instalação de Centrais de Filtragem de Água, informou o COE. A água contaminada ou sem o devido tratamento básico é um das mais recorrentes fontes de adoecimento do povo Yanomami. A diarreia aguda, por exemplo, está entre as doenças mais registradas.

O COE confirmou que 12 novos profissionais de saúde da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) já estão em Roraima para reforçar os atendimentos na terra indígena. Eles passarão por capacitação na Casai antes de embarcarem para o território. Também nesta quarta-feira chegaram os primeiros módulos para a instalação do laboratório que analisará amostras de sangue e cabelos de pacientes. O objetivo é verificar uma possível contaminação por mercúrio, metal pesado utilizado no garimpo ilegal. Inicialmente, essas amostras serão coletadas de crianças, gestantes e idosos.

O governo ainda informou sobre a chegada de mais 600 cestas básicas na Base Aérea de Boa Vista. Os alimentos deverão ser distribuídos no território no decorrer dos próximos dias.

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