Haddad chama general Mourão de "torturador"
Em sabatina, petista também afirmou que tem medo, como cidadão, de um governo Bolsonaro
Reuters
Publicado em 23 de outubro de 2018 às 14h28.
Brasília - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad , afirmou nesta sexta-feira, em sabatina para o grupo Globo, que sente medo como cidadão de um eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL) e de possivelmente ter um vice-presidente da República acusado de tortura, segundo ele, como o companheiro de chapa do capitão da reserva, general Hamilton Mourão.
De acordo com o candidato, o cantor Geraldo Azevedo acusou Mourão de ter sido um de seus torturadores quando foi preso durante a ditadura militar. A acusação do cantor foi feita em um show na Bahia no fim de semana e pode ser vista em vídeos no Youtube. O músico, no entanto, se desculpou posteriormente em nota "pelo equívoco", de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
Na sabatina, Haddad afirmou: "Bolsonaro nunca teve nenhuma importância no Exército. Mas o Mourão foi, ele próprio, torturador. O Geraldo Azevedo falou isso. Ver um ditador como eminência parda de uma figura como Bolsonaro deveria causar temor em todos os brasileiros minimamente comprometidos com o Estado Democrático de Direito".
Questionado sobre a acusação a Mourão, Haddad disse que não tinha motivos para duvidar de Azevedo, e sugeriu aos jornalistas que entrevistassem o músico.
Mourão, general da reserva, tem 65 anos e entrou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1972 e se formou aspirante-a-oficial em dezembro de 1975, aos 22 anos. De acordo com sua biografia, Geraldo Azevedo foi preso duas vezes, em 1969 e em 1974, e torturado.
Burburinho
Questionado se havia razões concretas para que as pessoas tivessem medo de um governo Bolsonaro, Haddad afirmou que há "burburinhos" sobre um possível golpe militar, mas que não é possível estimar a real probabilidade disso acontecer.
"Uma minoria do Exército tem essa ambição? Tem. Aeronáutica e Marinha eu acho que não. A gente não sabe o tamanho desse burburinho, o potencial dele. É um risco que a gente não pode correr. Por isso ele (Bolsonaro) não pode ser eleito. Para quê correr o risco?", disse.
O petista afirmou ainda que não teme o candidato em si, afirmando que Bolsonaro é "um tolo", mas sim quem está por trás do capitão da reserva.
"O que é líquido e certo é que ele (Bolsonaro) é uma pessoa vazia. Ele não tem uma ideia, ele não vem num debate comigo porque não é capaz de defender uma ideia. É uma coisa constrangedora. Agora, o problema é o que sai do porão com ele, que é o Mourão e outras pessoas", afirmou.
Redes sociais
Questionado sobre os erros na condução da campanha, Haddad admitiu que o partido cometeu a falha estratégica de não antecipar o uso das redes sociais para impulsionar conteúdo contra o PT, e citou fala do diretor do instituto Datafolha, Mauro Paulino, de que as notícias falsas disseminadas nas redes tiveram influência direta nas eleições no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
"Acho que cometemos um erro estratégico porque não pensamos que eles iriam usar o WhatsApp para obter financimento ilegal de campanha. Não contei com isso", disse. "Estamos falando do novo caixa 2. Estão driblando o velho caixa 2 e criando um novo."