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Guia da apuração: tudo a que você deve prestar atenção nos resultados das eleições

Dos governos estaduais chave aos partidos com maior bancada na Câmara, a EXAME elaborou um guia para assistir à apuração dos resultados - para além de Lula e Bolsonaro

Haddad, Garcia e Freitas: a "segunda vaga" na eleição ao governo de SP é um dos desdobramentos aguardados na apuração deste domingo, 2 (Renato Pizzutto/Band/Divulgação)
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Carolina Riveira

Publicado em 2 de outubro de 2022 às 10h00.

Última atualização em 2 de outubro de 2022 às 14h28.

Ano após ano, é natural que o interesse nas eleições se concentre na disputa presidencial, que neste ano traz o embate principal entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). Mas, para além da corrida ao Planalto, o restante da votação em 2022 trará nos estados e no Legislativo uma série de disputas que serão cruciais para o jogo de forças da política nacional.

Clique aqui e acompanhe a apuração voto a voto a partir das 17h na EXAME

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Da lista dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal que vão às urnas neste domingo, 2, a EXAME fez um guia com os principais pontos que serão chave nesta eleição, dos governadores que podem ser eleitos no primeiro turno à situação dos partidos pós-pleito. E não se esqueça: a apuração começa a partir das 17h neste domingo, 2, e você pode acompanhar os resultados ao vivo na EXAME.

Zema vence no primeiro turno?

Uma das disputas observadas com maior atenção neste domingo será em Minas Gerais. No estado, há chance de vitória no primeiro turno do governador Romeu Zema (Novo, o único governador do partido a ser eleito em 2018). O ex-prefeito da capital Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), tenta levar a disputa para a segunda etapa.

Kalil e Zema: o governador do Novo tenta liquidar a fatura no primeiro turno (Fotos: divulgação / montagem/Exame)

Em pesquisa Ipec desta semana, Zema apareceu com 44% dos votos totais (50% dos votos válidos, quando excluídos brancos e nulos), contra 37% de Kalil. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa de maioria dos votos válidos (50% mais um voto, ao menos).

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Em menor grau, a mesma incógnita estará presente no Rio de Janeiro: a princípio, a expectativa é de que haja segundo turno, mas há margem para que a disputa entre o atual governador Cláudio Castro (PL) e Marcelo Freixo (PSB) acabe no primeiro. Castro teve 36% dos votos no Ipec (47% dos votos válidos), contra 22% de Freixo. Analistas apontam que a votação de Castro pode surpreender a depender do cenário, dado o alto número de votos incertos na véspera: brancos, nulos e indecisos somam 23% dos votos.

Incluindo MG e RJ, há cerca de dez estados em que a eleição pode ser definida já no primeiro turno.

Claudio Castro e Marcelo Freixo: Castro tem chance de ganhar no primeiro turno, embora possibilidade seja vista como menos provável (Divulgação/Flickr)

Onda de reeleições de governadores

Em tempo: esta eleição pode marcar a maior onda de reeleição de governadores desde 1998. Ao todo, 19 governadores tentam a reeleição, e só um deles - Rodrigo Garcia, em São Paulo - não lidera as pesquisas de intenção de voto.

Dentre os que buscam a reeleição, além de Zema em Minas Gerais ou Castro no Rio, também têm chance de vencer já no primeiro turno nomes como Ratinho Júnior (PSD) no Paraná e Helder Barbalho (MDB) no Pará.

Tarcísio vs. Garcia: quem leva a segunda vaga em SP

O ex-prefeito da capital paulista e ex-ministro Fernando Haddad (PT) parece estar confirmado em um segundo turno ao governo de São Paulo, de modo que a briga da vez é pela segunda vaga.

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Rodrigo Garcia e Tarcísio de Freitas: disputa para ver quem enfrenta Haddad no segundo turno em SP (MONTAGEM EXAME/Estadão Conteúdo)

Rodrigo Garcia (PSDB) é o atual governador, tendo herdado o cargo por ser vice do governador eleito em 2018, João Doria (que deixou o Palácio dos Bandeirantes para tentar se lançar à Presidência, disputa da qual também desistiria depois). Apesar da força do PSDB em regiões do interior paulista, Garcia está atrás nas pesquisas na disputa com Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura e candidato do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo.

O Ipec deu resultado de 26% para Tarcísio e 18% para Rodrigo Garcia (Haddad lidera com 34%).

Fernando Haddad: ex-prefeito tenta primeira vitória do PT em São Paulo (Iara Morselli/Esfera Brasil/Divulgação)

A vaga no segundo turno é uma chance de ouro porque, uma vez na reta final, a eleição se torna completamente aberta. Apesar da liderança de Haddad, a tendência é que parte dos votos do candidato de direita que não for à segunda etapa (seja Tarcísio ou Rodrigo) vá para o outro candidato, pela rejeição ao PT no estado. O PT nunca venceu uma eleição de governador em São Paulo, de modo que uma vitória de Haddad seria um feito histórico para o partido em terras paulistas.

Leite no RS será a última trincheira do PSDB?

Caso Garcia não avance para o segundo turno em São Paulo ou, se avançar, caso não ganhe a eleição, o PSDB fica em situação complexa no cenário nacional, perdendo o estado que governou por mais de duas décadas e o mais rico do Brasil. O principal estado da legenda passaria ser, portanto, o Rio Grande do Sul. Por lá, Eduardo Leite (PSDB) tem 36% dos votos na pesquisa Ipec, contra 27% de Onyx Lorenzoni (PL). Os dois caminham para o segundo turno, e Leite aparece vencendo por ora.

Onyx e Leite: ex-governador do PSDB renunciou ao governo e tenta se eleger novamente (Onyx: Romério Cunha / Divulgação / Leite: Tiago Coelho/Bloomberg via Getty Images/Divulgação)

Hoje aos 37 anos, Leite foi o governador eleito em 2018 e despontava como estrela em ascensão do PSDB. O governador terminou renunciando para tentar a Presidência, disputa da qual também desistiu (com a desistência tanto de Doria quanto de Leite, o PSDB terminaria apoiando Simone Tebet, do MDB, ao Planalto). Leite, então, voltou a tentar o governo no RS, em uma situação paradoxal: o candidato disputa a "reeleição" sem estar no cargo. Mas a missão de Leite não será simples: apesar da liderança contra Lorenzoni, o histórico pesa contra, uma vez que o Rio Grande do Sul nunca reelegeu um governador.

No Nordeste, Lula vence; governadores nem tanto

Que Lula vencerá a eleição presidencial nos nove estados da região Nordeste, não há dúvida. No agregado da região, o petista aparece com mais de 60% dos votos (41 pontos de vantagem sobre Bolsonaro) em pesquisa EXAME/IDEIA desta semana.

LEIA TAMBÉM: Pesquisa eleitoral: Lula está na frente em região com 42 milhões de eleitores

Porém, nas disputas ao governo dos estados, há casos e casos. Dos três estados que o PT tem hoje (Rio Grande do Norte, Bahia e Piauí), a governadora Fátima Bezerra (PT) deve ser reeleita no Rio Grande do Norte, mas os outros dois têm resultado incerto.

ACM Neto: antes franco favorito para vencer no primeiro turno, caiu nas pesquisas na reta final (Reprodução/Reprodução)

Na Bahia, onde o governador Rui Costa (PT) não pode mais disputar a reeleição, ACM Neto (União Brasil) ainda tem chances de levar no primeiro turno contra Jerônimo Rodrigues (PT). ACM tem 51% dos votos válidos no Ipec - ainda que tenha desidratado na reta final da campanha com sua mal vista autodeclaração como "negro" e a associação de Jerônimo com Lula.

No Piauí, o governador Wellington Dias (PT) também não pode mais se reeleger e apostou em Rafael Fonteles (PT), seu secretário da Fazenda, que está tecnicamente empatado com Silvio Mendes (União Brasil).

Os rompimentos familiares em CE e PE

Outras disputas que têm chamado atenção no Nordeste são Ceará e Pernambuco. No Ceará, PDT e PT fazem dobradinha há décadas, e o grupo lançou Elmano de Freitas (PT), que tem 40% dos votos totais no Ipec contra Capitão Wagner (União), com 33%. Neste ano, no entanto, Ciro Gomes (PDT) rompeu com a aliança (e gerou até briga com os irmãos Cid e Ivo Gomes) em favor de seu candidato, Roberto Cláudio (PDT), que aparece em terceiro com 17%.

Marilia Arraes: favorita ao governo em Pernambuco (Gustavo Bezerra/PT/Divulgação)

Já em Pernambuco, Marília Arraes (que migrou do PT para o Solidariedade para concorrer) pode deixar de fora do segundo turno o PSB, legenda histórica dos Arraes - incluindo do primo João Campos, com quem teve embates frequentes. Arraes tem 34% dos votos totais no Ipec, seguida por Raquel Lyra (PSDB) e Miguel Coelho (União) com 15% cada. A disputa pela segunda vaga está embolada e Danilo Cabral, do PSB, tem 10%, mas ainda pode, pela margem de erro, ir ao segundo turno.

A briga de Moro e Álvaro Dias no Paraná

No Senado, muitos olhares estarão voltados para a disputa no Paraná, que traz dois ex-aliados frente a frente: Álvaro Dias (Podemos) e ex-ministro Sergio Moro (União Brasil).

Sergio Moro: ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro de Bolsonaro tenta vaga ao Senado no Paraná (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Dias, "morista" de carteirinha há até pouco tempo, foi um dos responsáveis pela filiação de Moro ao Podemos, partido do qual o ex-juiz saiu para tentar uma disputa à Presidência em uma legenda maior, o União Brasil. Depois de não se cacifar como presidenciável, Moro tentou ser candidato a deputado federal por São Paulo, teve o domicílio eleitoral negado, e terminou disputando o Senado no Paraná, sua terra natal. Álvaro Dias está na frente no Ipec, com 41% dos votos válidos, mas Moro encurtou a distância e foi a 35%.

Outra disputa a ser assistida no Senado entre dois nomes de direita ocorre, por exemplo, no Distrito Federal: Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos) são as favoritas na briga pela vaga e ambas são, na teoria, aliadas ao presidente Jair Bolsonaro.

Damares: ex-ministra lidera disputa no DF (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apesar disso, tem havido um movimento de "voto útil" de eleitores de esquerda na região para evitar uma vitória de Damares, que lidera com 43% dos votos válidos no último Ipec, contra 32% de Flávia. A principal candidata da esquerda no DF, Rosilene Correa (PT), faz 15% dos votos, que podem pesar a balança para Flávia. A ver se a migração ocorrerá em tempo de atrapalhar Damares na capital federal.

Menor renovação na Câmara

Enquanto 2018 foi marcado por grande renovação na Câmara, 2022 pode ter a menor renovação na Casa desde 1986, com reeleição em massa de nomes que já têm mandato.

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Isso ocorre por alguns motivos, como a concentração de recursos. Os deputados já no cargo podem reservar recursos destinados ao dia-dia do mandato para fazer campanha, por exemplo, e já têm uma equipe pronta para trabalhar. A tendência é também que nomes de peso nos partidos ganhem mais recursos do fundo eleitoral para campanhas, dificultando a renovação. Quem precisar de recursos extras têm de obter doação de pessoa física, o que também costuma ser mais fácil para nomes já conhecidos (ou seja, já com mandato).

Congresso: ciclo eleitoral pode favorecer como nunca os candidatos que já têm mandato (Leandro Fonseca/Exame)

Além disso, dinâmicas como a das emendas de relator (que foram ampliadas nos últimos anos e passaram a ser sigilosas, no que ficou conhecido como "Orçamento Secreto") fazem com que, sobretudo neste ano, deputados já eleitos consigam destinar ainda mais recursos a seus estados, conseguindo apoio de mais prefeitos e lideranças locais na reeleição. Por outro lado, uma boa notícia: novas leis incentivam partidos a destinar um percentual dos recursos a candidaturas de minorias como pretos, pardos e mulheres, o que pode ajudar a renovação em alguma medida.

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Quais partidos saem mais fortes?

Em um Congresso mais poderoso do que nunca com as emendas de relator, a eleição na Câmara será também teste de fogo para os partidos.

O PT projeta que pode ter a maior bancada da Casa na esteira da popularidade de Lula, elegendo até 80 deputados - ainda assim, a bancada é insuficiente para aprovar grandes projetos caso Lula seja eleito, um dos principais desafios de um eventual governo.

-(Arte: Camila Santiago)

O PL de Bolsonaro também estima que elegerá de 60 a 70 deputados, assim como o União Brasil (formado da fusão de DEM e PSL, que foi destaque na eleição de deputados em 2018 exatamente por ser a então legenda de Bolsonaro).

Partidos como o União, o PP e o PSD tiveram, inclusive, as eleições legislativas como grande foco, sem candidatos líderes à Presidência ou nos principais estados. Ao todo, os dez maiores partidos da Câmara esperam ter votação expressiva e aumento das cadeiras que já possuem, como a EXAME mostrou ( veja aqui as projeções ). O resultado na Câmara dá a largada para o que será outra das "eleições" decisivas do Brasil: a de presidente da Câmara, em 2023, quando Arthur Lira (PP) deve tentar a reeleição.


Veja ao vivo a apuração das eleições 2022

 

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