Guedes quer fazer barulho para acelerar pauta econômica no Congresso
Ao mesmo tempo, nos bastidores, a equipe do ministro se preocupa a dualidade do presidente Bolsonaro em relação à austeridade fiscal
Fabiane Stefano
Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 12h44.
Última atualização em 29 de janeiro de 2021 às 16h05.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer que sua equipe trabalhe para dar mais visibilidade à agenda de reformas. A ordem é “fazer barulho” e dar um “choque de comunicação” logo após as eleições para os comandos da Câmara e do Senado na semana que vem.
Guedes quer acelerar a aprovação da PEC emergencial para que o orçamento possa acomodar mais gastos diante das pressões provocadas pelo agravamento da pandemia. O ministro acha que também é preciso dar mais visibilidade à agenda de melhoria do ambiente de negócios, com mais abertura comercial, reforma tributária e aprovação dos marcos regulatórios de petróleo, gás natural e do setor elétrico.
O Ministério da Economia divulgará nos próximos dias um documento no qual destaca que os 8,5% do PIB em gastos para combater a pandemia em 2020 levaram o país a uma resposta econômica melhor que os demais emergentes. “Os gastos, contudo, devem ser vistos como temporários diante de um momento tão atípico”, diz o documento ao qual a Bloomberg teve acesso, adicionando que a agenda de reformas e consolidação fiscal será retomada.
E eu?
A equipe econômica chegou a discutir a possibilidade de anunciar um plano de recolocação de trabalhadores da Ford no mercado depois que a montadora decidiu fechar suas portas no Brasil, impactando 5 mil empregos. O Ministério da Economia, no entanto, acabou pisando no freio depois que a notícia vazou e empresários de diversos setores que tiveram que demitir trabalhadores por causa da crise procuraram a pasta para reclamar.
Quem vê cara...
Integrantes da Economia não sentiram nenhum alívio ao ver o presidente Jair Bolsonaro defender o teto de gastos e a austeridade fiscal durante evento do Credit Suisse no início de semana. Um deles afirma que esse costuma ser o comportamento do presidente quando Guedes está ao seu lado. O problema é como Bolsonaro se comporta quando o chefe da equipe econômica não está na sala.
Eletrobras
Todo o esforço iniciado pelo governo Michel Temer para privatizar a Eletrobras ficará pelo caminho. A saída de Wilson Ferreira do comando da estatal foi vista por pessoas próximas ao projeto como o golpe derradeiro em uma ideia que tem pouquíssimo apoio no Congresso. Agora, a tendência é que a Eletrobras se transforme numa empresa agonizante.