Greve na educação: professores e técnicos assinam acordo com o governo e terminam paralisação
Até ontem à noite ainda havia um impasse em relação aos técnicos, que foi resolvido ao longo do dia
Agência de notícias
Publicado em 27 de junho de 2024 às 19h12.
Última atualização em 27 de junho de 2024 às 19h20.
Representantes dos sindicatos de professores e técnicos administrativos assinaram, nesta quinta-feira, um acordo com o governo, o que dá fim à greve das categorias na Educação. Até ontem à noite ainda havia um impasse em relação aos técnicos, que foi resolvido ao longo do dia, e eles também decidiram assinar.
A Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes-SN), o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e o Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) já assinaram o termo.
Agora, cada universidade vai tomar sua própria decisão do que fazer para recompor as aulas que não foram dadas. Isso é feito no conselho universitário, o órgão máximo de tomada de decisões dessas instituições que é formado por representantes da reitoria, professores, funcionários e alunos.
A Universidade Federal de Minas Gerais, por exemplo, decidiu suspender o calendário. Isso significa que mesmo as aulas dadas no período da greve serão repostas e que os prazos de conclusão do semestre foram ampliados. Com isso, mesmo sendo a primeira instituição a retomar as aulas, a universidade só conseguirá concluir o segundo semestre de 2024 em fevereiro de 2025, prejudicando estudantes formandos que já estavam se planejando para o mestrado ou iniciar a vida profissional.
Depois de 60 dias de paralisação dos professores e 90 dos técnicos, a manifestação chega ao fim após o governo propor aumentos salariais às duas categorias para 2025 e 2026, revogações de portarias da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e, no casos dos técnicos, medidas que aceleram o tempo com que um servidor chega ao topo da carreira.
Fim da greve
Depois de diversas universidades decidirem por conta própria suspender a greve na educação superior brasileira, entidades bateram o martelo no fim de semana e optaram por encerrar de forma unificada as paralisações, que duraram mais de dois meses. O movimento se deu em duas frentes: a das universidades e a dos institutos federais.
A Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior ( Andes-SN ) anunciou no fim da noite do último domingo a definição de que assinaria o acordo proposto pelo governo. O intervalo estipulado pela associação para as universidades retomarem as atividades é entre o dia da assinatura e 3 de julho.
Já o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), que abarca os técnicos administrativos e docentes de institutos federais, também realizou votação interna e decidiu concordar com o cardápio de sugestões do governo. Essa decisão é acompanhada pelo sindicato dos profissionais do Colégio Pedro II, que volta às atividades em 1º de julho.
Já a Fasubra tomou a decisão de assinar o acordo apena na tarde desta quinta-feira. O grupo esperava receber a minuta do documento com mudanças que pediu, o que só aconteceu de manhã.
Das 57 universidades vinculadas à Andes-SN que aderiram à greve, ao menos 30 já haviam sinalizado um caminho para encerrá-la, segundo monitoramento do O Globo. Até a sexta-feira passada, 12 delas tinham voltado às aulas ou estipulado uma data para o retorno. O movimento era um indicativo do desejo da classe de aceitar as propostas do governo.
A categoria pedia reajuste de 3,69% em agosto de 2024, correspondendo ao índice acumulado do IPCA ao longo de 12 meses até abril de 2024, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio 2026.
O governo, por sua vez, avalia que a negociação salarial foi resolvida por meio da assinatura de um acordo com o Sindicato de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), em maio. As conversas, então, estariam abertas apenas para pautas não salariais.
Entre essas medidas, o ministério propôs revogar decisões do governo Jair Bolsonaro (PL), como a portaria 983, que estabeleceu aumento da carga horária mínima a ser cumprida pelos docentes em sala de aula, além da obrigatoriedade do controle de frequência por meio de ponto eletrônico. Também ofereceu o fim da instrução normativa 66, que limita promoções e progressões de docentes.
Técnicos
Para encerrar a greve dos técnicos administrativos, o governo sugeriu uma tabela de reajuste a partir do ano que vem, além de aspectos sensíveis à categoria, como a progressão na carreira por Reconhecimento de Saberes e Competências. Do ponto de vista salarial, os aumentos seriam de 9% em 2025 e de 5% em 2026. Sem, portanto, reajustes imediatos em 2024.
No auge da greve, os técnicos chegaram a interromper os serviços em quase 100 unidades. Sem eles, bandejões e funções administrativas, por exemplo, ficaram suspensas em universidades e institutos.