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Primeira baixa do governo, presidente da Apex não tinha prática na área

Sem vivência em comércio exterior e segundo comentários internos, sem falar inglês direito, Alex Carreiro chegou ao cargo por amizade com Eduardo Bolsonaro

Alex Carreiro pede demissão da presidência da Apex Foto: arquivo pessoal (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Alex Carreiro pede demissão da presidência da Apex Foto: arquivo pessoal (Arquivo Pessoal/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 08h38.

Última atualização em 10 de janeiro de 2019 às 10h55.

Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou na quarta-feira a saída do presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Alex Carreiro, apenas um semana depois de sua nomeação, e a troca pelo experiente embaixador Mário Vilalva, para tentar resolver um terremoto provocado na agência.

Sem qualquer experiência em comércio exterior e promoção comercial, e sem ter ocupado qualquer cargo relevante na administração federal, — e, segundo comentários internos, sem saber falar inglês direito — Carreiro, que foi assessor do PSL no Congresso, chegou ao cargo por sua amizade com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro.

"O sr. Alex Carreiro pediu-me o encerramento de suas funções como presidente da Apex. Agradeço sua importante contribuição na transição e no início do governo. Levei ao presidente Bolsonaro o nome do embaixador Mário Vilalva, com ampla experiência em promoção de exportações, para presidente da Apex", escreveu Araújo em sua conta no Twitter.

Em seu primeiro dia no cargo, uma das medidas iniciais de Carreiro foi a demissão de 17 servidores, alguns com mais de 10 anos de casa, contaram à Reuters fontes que acompanharam de perto a crise na Apex. Carreiro ainda havia prometido para a próxima semana a demissão de mais 19 pessoas, o que levaria a mais de 10 por cento do efetivo da agência.

A alegação, disse uma das fontes, era a "despetização" da agência. No entanto, apenas uma das pessoas demitidas até agora teria relação real com o PT -- era irmão de um ex-assessor da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Foi um massacre, nunca vi coisa assim. Era um desmonte completo", disse uma das fontes.

A desestruturação da agência e as reclamações contra Carreiro — não apenas por parte de servidores, mas também de empresários e diplomatas — teriam chegado aos gabinetes do Palácio do Planalto e levaram à revisão da indicação do presidente da Apex, na primeira demissão de um nomeado pelo governo Bolsonaro.

Não foi possível fazer contato com Carreiro para pedir comentários sobre a demissão.

Vilalva, indicado para substituir Carreiro, retoma o caminho tradicional da Apex, e sua indicação foi feita para tentar diminuir os ruídos dentro da agência.

Atual embaixador em Berlim, o diplomata entrou no Itamaraty em 1976 e já serviu nas embaixadas em Washington, Roma, Lisboa e Santiago, entre outras. Entre 2000 e 2006 foi o diretor-geral do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty.

Dona de um orçamento independente de 650 milhões de reais oriundo do Sistema S, a Apex tem a função de organizar missões e feiras no exterior para promoção dos produtos brasileiros. A agência é tradicionalmente ligada ao Itamaraty.

Na reestruturação promovida pelo atual governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou levar a agência para sua alçada, mas perdeu a disputa. A Apex se manteve no Itamaraty, com o apoio dos filhos do presidente Bolsonaro.

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