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Governo do Rio planeja criar monotrilho nas encostas

Com estação em praça da Tijuca e em três morros, 'Transfavela' serviria de meio de transporte para moradores

Uma das estações do monotrilho da Tijuca, em croqui do governo do estado: favelas seriam ligadas pelo alto e ganhariam elevadores (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2014 às 17h08.

À medida que avançam as obras de urbanização e melhorias nos morros cariocas, o poder público deixa, bem à vista de quem passa pelo ‘asfalto’, sua assinatura. Cria-se, assim, uma nova geração de marcos na paisagem que, apesar de não serem uma unanimidade em critérios estéticos, são bem mais agradáveis aos olhos que a imagem de abandono que perdura há algumas décadas.

Foi assim com o vistoso elevador instalado em Ipanema, para transportar moradores do complexo Pavão-Pavãozinho; com o plano inclinado do Morro Dona Marta, em Botafogo; e, em breve, com o teleférico do Complexo do Alemão, com testes previstos para começar em dezembro. A próxima transformação de paisagem já tem endereço: o plano do governo do estado é interligar três favelas da Tijuca, na zona norte, com um monotrilho dependurado nas encostas do bairro, uma espécie de ‘Transfavela’.

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O projeto passou na primeira seleção de investimentos da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) e será discutida, em dezembro, na seleção definitiva – a que decidirá os detalhes dos 700 milhões de reais que o governo do estado quer para urbanizar 12 favelas da Tijuca, com construção de mil residências e melhoria de outras 3 mil.

É desse montante que deve sair o dinheiro – ainda não se sabe quanto – para o ‘Transfavela’. “A função principal é a de transportar os moradores desses locais. Mas há um segundo benefício para a cidade: os trilhos funcionam como um ‘ecolimite’ da cota 100 (altitude, em metros, em relação ao nível do mar). Vamos desadensar a encosta e reduzir riscos de deslizamento”, explica o secretário estadual de Obra, Hudson Braga.


O projeto que está sendo detalhado pelo governo do estado prevê uma linha de seis quilômetros, que parte da Praça Saens Peña, no coração da Tijuca, para um percurso pelos morros do Salgueiro, Formiga e Borel. Em cada favela, uma estação, com um elevador para quem quer, do nível da rua, chegar ao alto da encosta. “Formiga e Borel são dois locais com ladeiras muito íngremes. O sistema de transporte, com elevadores, vai solucionar um problema histórico dos moradores das favelas”, acredita Braga.

O detalhamento do projeto de engenharia e os cálculos de capacidade de passageiros transportados por dia vão determinar, por exemplo, se a viagem será cobrada e que valor terá a tarifa. No Dona Marta, por exemplo, o plano inclinado que leva moradores morro acima opera sem custo para os passageiros – e, de quebra, funciona como atração turística, levando visitantes à parte alta da encosta, de onde se tem visão privilegiada de quase toda a zona sul.

Paisagem

Em Ipanema, um visitante pode confundir o elevador que interliga os do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho ao metrô da Praça General Osório com um centro comercial, museu ou outra obra moderna. O melhor, hoje, é que um turista desavisado não corre perigo, caso decida entrar, por engano ou curiosidade, nos acessos à favela.

Esta é outra particularidade das intervenções recentes. Dona Marta e Pavão-Pavãozinho fazem parte das 14 favelas que receberam Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), o programa que ajudou a reeleger o governador Sérgio Cabral e que instala, no alto das favelas, grupamentos de policiais militares. A mudança de paisagem ocorre, geralmente, casada com o novo modelo de policiamento.

A exceção, no momento, é o Complexo do Alemão - considerada uma das áreas mais violentas da cidade, com bandidos fortemente armados e que, ainda assim, tem recebido obras de urbanização. A transformação do cenário no Alemão, pelo menos à distância, já pode ser avistada por quem chega ao Rio pelo Aeroporto do Galeão. Da Linha Vermelha, via expressa utilizada para se chegar ao centro e à zona sul do Rio, pode-se observar, destacando-se acima dos morros, à direita, o conjunto de cabos e torres que sustenta o Teleférico do Alemão – obra de 100 milhões de reais que, quando estiver operando em sua capacidade máxima, transportará 30 mil pessoas por dia. “O papel, ali, é resgatar a cidadania das pessoas. Tinha morador do alto dos morros que não saia de casa há 15 anos, por causa da dificuldade de locomoção”, conta Hudson Braga. O governo do estado garante que as UPPs também vão chegar a esta parte da cidade.

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