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Shows no Ceará rendem muito mais para artistas, reclama MP

Ministério Público aponta possível superfaturamento em contratos do governo do estado, que gastou mais de R$10 milhões em cachês com bandas de projeção nacional

Público no festival "Férias no Ceará": contratação de artistas em 2011 pode ter sido superfaturada pelo governo (ROBSON GAMA/CONTIGO)

Público no festival "Férias no Ceará": contratação de artistas em 2011 pode ter sido superfaturada pelo governo (ROBSON GAMA/CONTIGO)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2013 às 12h40.

São Paulo – O governo do Ceará está sendo investigado por suspeita de superfaturamento na contratação de artistas como Skank e Jota Quest para a realização de festival que custou mais de R$10,6 milhões aos cofres públicos apenas com cachês. O evento “Férias no Ceará”, realizado pela gestão de Cid Gomes (PSB) em 2011, bancou shows gratuitos na capital e no interior.

Segundo Ministério Público de Contas do Estado (MPC), os valores dos cachês de 15 atrações foram muito superiores aos pagos por outros órgãos governamentais em diferentes situações.

A cantora Zélia Duncan, por exemplo, foi contratada pelo governo cearense para fazer quatro apresentações no valor de R$ 140 mil cada uma. Entretanto, um show da cantora em João Pessoa foi feito no mesmo ano por R$37 mil.

Já a banda Skank recebeu do Governo do Ceará R$ 223 mil, mas foi contratada em outras ocasiões por municípios de Minas Gerais pelos valores de R$ 100 mil e R$ 155 mil.

Também fazem parte das investigações os contratos dos artistas Nando Reis, Vanessa da Mata, Kid Abelha, Roberta Sá, Lulu Santos, Jota Quest, Paralamas do Sucesso, Biquíni Cavadão, Jorge Vercillo, Gilberto Gil, Cidade Negra, Jorge Bem e Seu Jorge.

De acordo com o MPC, o Governo do Ceará não apresentou comprovações suficientes para justificar a diferenças nos preços. “Percebe-se claramente a presença de graves irregularidades nas contratações”, diz relatório da instituição.

O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) que o processo seja transformado em uma tomada de contas especial, que permite aprofundar as investigações no caso. O órgão também solicitou aos empresários dos artistas que devolvam o dinheiro que foi pago a mais ou apresentem suas defesas em relação aos valores recebidos.

Não é a primeira vez que a administração de Cid Gomes sofre reclamações pelo o que paga a artistas. No início deste ano, ele foi alvo de críticas por pagar 650 mil reais por um show de Ivete Sangalo, na inauguração de um hospital em Sobral, seu reduto político.  

Resposta

À Folha de S. Paulo, o governo do Ceará negou qualquer irregularidade e defendeu que os preços "respeitaram o valor de mercado". Em nota, afirmou que há uma série de fatores a serem considerados, como a logística e o tamanho da apresentação.

Alguns artistas, procurados pela Folha, negaram que o valor estivesse acima do normal. Três deles, porém - Nando Reis, Gilberto Gil e Jorge Vercillo - disseram que o cachê foi menor que o divulgado.

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