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Governo admite preocupação com oferta de etanol

Presidente Dilma planeja medidias para incentivar a produção do combustível; governo deve exigir que não ocorram crises de abastecimento

Etanol: governo quer incentivar investimentos na produção (Manoel Marques/VEJA)
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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2011 às 15h23.

Araçatuba, São Paulo - A preocupação com estoques mais baixos de etanol no País levou a presidente Dilma Rousseff a determinar a criação de uma ampla política para o setor sucroalcooleiro aos ministérios da Agricultura, da Fazenda e de Minas e Energia. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a ideia é acabar com ações pontuais de intervenção e incentivar a retomada de investimentos no setor para ampliar a produção do combustível.

"A presidente Dilma quer apoiar o setor e determinou aos ministérios que mexem com a questão sucroalcooleira, em especial o etanol, essa análise abrangente, e que propuséssemos um programa a ela", disse hoje o ministro, durante visita à Feicana em Araçatuba (SP). "Queremos propor uma política que envolva o apoio ao produtor de cana e de açúcar e álcool", completou.

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Rossi não admitiu, mas deu sinais de que, em troca do apoio, o governo cobrará dos usineiros a garantia de abastecimento. "Isso (apoio) envolve compromissos que a presidente quer colocar na mesa para o setor; quando se trata de combustíveis é preciso que a relação seja de combustíveis e não dá para fazermos duas negociações: uma com produtores agrícolas e outra com produtores de combustível", afirmou o ministro.

Dados da consultoria Datagro, divulgados hoje na feira do interior paulista que abre o calendário de eventos do setor sucroalcooleiro, apontam que o estoque de passagem entre as safras 2010/2011 e 2011/2012 de cana-de-açúcar no Centro-Sul, em 1º de abril, será de 590 milhões de litros. O volume é suficiente para apenas 9,5 dias de consumo e só não faltará etanol porque haverá uma produção de 1,5 bilhão a 1,7 bilhão de litros do combustível, feita de forma antecipada, no início das operações das destilarias, em março.

"Nós estamos com um problema de oferta, estamos no limite de passarmos o ano (safra) com margens muito pequenas", admitiu o ministro da Agricultura. O ministro lembrou que o avanço da frota de veículos flex no Brasil, que supera 11 milhões de veículos, ampliou a demanda pelo etanol, a qual não é minimizada quando consumidores optam pelo uso da gasolina. "Como a gasolina tem 25% de etanol, quando há a mudança para ela, ainda assim há um consumo adicional de álcool", explicou.

Rossi disse já ter feito reuniões com todos os elos da cadeia sucroalcooleira, entre eles as principais empresas do setor - Copersucar, Cosan, Bunge e Louis Dreyfus Commodities - e identificou que o gargalo gerado pela crise de oferta de etanol ocorreu pela interrupção dos investimentos entre 2008 e 2009. À época, o setor vinha de dois anos de preços baixos para açúcar e etanol e foi um dos mais atingidos pela crise mundial de liquidez.

Projetos de construção de novas usinas foram suspensos ou abandonados e os investimentos feitos desde então foram destinados à ampliação da oferta de açúcar, cujos preços são os maiores dos últimos 30 anos. "Isso gerou um problema de oferta de etanol para o País". Entre as demandas ouvidas por Rossi estão o financiamento para o setor produtivo e para a renovação dos canaviais. "A renovação também foi atingida e a produtividade da cana despencou nos últimos dois anos", avaliou o ministro.

Rossi não deu prazo para a apresentação do programa de apoio ao setor. Ele revelou apenas que nos próximos dias os ministérios deverão "compor um quadro geral que será levado à presidente para a definição de política do setor". Diante dos usineiros, na feira, o ministro minimizou a possibilidade de a presidente enquadrá-los para que o abastecimento de etanol seja garantido. "A presidente considera o setor como estratégico para o País e, portanto, terá toda atenção que merece", concluiu.

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